BOLETIM
VACINAS
E NOVAS TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO - Nº 32
PUBLICAÇÃO DO GIV - GRUPO DE INCENTIVO À VIDA - Fevereiro de 2019

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Boletim Vacinas e Novas Tecnologias de Prevenção Anti-HIV/AIDS - GIV

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Vacinas
Deputado declara viver com HIV no Parlamento britânico
POR QUE DECLAREI QUE TENHO HIV NO PARLAMENTO – E O QUE PRECISA ACONTECER A SEGUIR
EM NOVEMBRO DE 2018, UM DEPUTADO BRITÂNICO DECLAROU SER PORTADOR DO HIV. LEIA AQUI SUA DECLARAÇÃO COMPLETA
Por Lloyd Russell-Moyle*
Deputado declara viver com HIV no Parlamento britânico
Deputado britânico Lloyd Russell-Moyle

O enorme progresso na luta contra o vírus não deve nos distrair do esforço para encontrar uma vacina viável.

Em novembro passado, tornei-me o primeiro deputado a divulgar na Câmara dos Comuns que eu era soropositivo.

Claro, havia razões pessoais para minha decisão de fazer tal anúncio público, mas minha principal motivação foi ajudar a desestigmatizar a conversa em torno do HIV e apontar os obstáculos que enfrentamos para vencer a luta contra o vírus. Esses empecilhos incluem o atual governo britânico.

O HIV foi uma sentença de morte para a grande maioria das pessoas que o contraíram na década de 1980 e é esse horror que permanece dentro de nossa consciência coletiva, apesar do fato de a realidade de viver com o vírus tenha sido transformada pelos avanços da medicina.

Medicamentos antirretrovirais (ARV) modernos significam que, além de tomar uma pílula todos os dias, minha vida não é diferente daquela das pessoas HIV-negativas.

O vírus é indetectável no meu corpo, o que significa que não posso transmitir o HIV para parceiros sexuais.

A PrEP, uma pílula tomada diariamente, impede que pessoas HIV-negativas contraiam o vírus (a curto prazo) e está revolucionando ainda mais a batalha contra a transmissão do HIV. Em San Francisco, um declínio de 43% em novos diagnósticos em três anos foi atribuído à PrEP e no estado australiano New South Wales houve um declínio de 35% em novos diagnósticos de HIV em dois anos, o que correspondeu à rápida introdução de PrEP.

Enquanto os escoceses, galeses e pessoas da Irlanda do Norte podem acessar a PrEP sem limite, o partido Tory [N. do T.: conservadores] não concedeu os mesmos direitos às pessoas sem HIV na Inglaterra. As pessoas, muitas vezes gays que querem a PrEP na Inglaterra, só podem acessar os medicamentos respectivos como parte de um “ensaio comportamental”, que é limitado a 13.000 vagas e por região.

O governo está repetindo os mesmos argumentos reacionários que antes eram dirigidos às mulheres antes do lançamento da pílula anticoncepcional, em 1961. Se removermos o dano potencial dos gays que fazem sexo desprotegido, raciocinam, quem sabe o que depois estarão fazendo entre os lençóis?

Apesar do progresso vertiginoso, a luta contra o HIV ainda não acabou. Estamos fora do curso para cumprir a meta de desenvolvimento sustentável para acabar com a epidemia até 2030. Um milhão de pessoas morrem a cada ano devido ao vírus.

Isso ocorre porque 25% das pessoas com HIV não sabem que têm HIV e duas em cada cinco pessoas com o vírus não podem acessar os medicamentos, geralmente porque são pobres e marginalizadas. Da mesma forma, apesar do progresso, a taxa de novas infecções por HIV continua teimosamente alta em quase dois milhões por ano.

“25% das pessoas com HIV não sabem que têm HIV e duas em cada cinco pessoas com o vírus não podem acessar os medicamentos, geralmente porque são pobres e marginalizadas. Da mesma forma, apesar do progresso, a taxa de novas infecções por HIV continua teimosamente alta em quase dois milhões por ano”

Tenho a sorte de ter acesso a medicamentos que salvam vidas. Isto é principalmente porque eu sou de classe média, educado e vivo em um país com um sistema de saúde pública (NHS) e onde o estigma em torno do HIV e da homossexualidade é felizmente relativamente baixo.

Este simplesmente não é o caso de muitas pessoas vivendo com HIV. Na Europa, a prevalência do HIV é alta entre homens gays e usuários de drogas intravenosas, comunidades que são legal e socialmente marginalizadas. A infecção pelo HIV dobrou desde 2000 na Europa Oriental em meio ao aumento do uso de drogas e à falta de resposta da política de saúde pública.

Link do vídeo em inglês https://www.indy100.com/article/mp-lloyd-russell-moyle-hiv-aids-awareness-world-aids-day-lgbt-commons-8659486
ou
https://static.independent.co.uk/s3fs-public/styles/story_large/public/thumbnails/image/2017/08/04/14/health2.jpg

Mulheres e meninas são particularmente vulneráveis. Por exemplo, o HIV continua sendo a principal causa de morte entre mulheres em idade reprodutiva na África Subsaariana. Se o contraírem, [elas] muitas vezes têm menos poder para obter tratamento porque as barreiras sociais e econômicas afetam sua capacidade de se proteger de forma independente. A falta de acesso ao tratamento mantém o vírus vivo e permite que ele seja transmitido.

Superar o patriarcado ou eliminar a homofobia ou acabar com o uso de drogas perigosas não acontecerá da noite para o dia. É por isso que, apesar de seu potencial global, os medicamentos antirretrovirais, a PrEP e os preservativos sempre serão insuficientes para derrotar o vírus. Nós precisamos de uma vacina.

Superar o patriarcado ou eliminar a homofobia ou acabar com o uso de drogas perigosas não acontecerá da noite para o dia. É por isso que, apesar de seu potencial global, os medicamentos antirretrovirais, a PrEP e os preservativos sempre serão insuficientes para derrotar o vírus. Nós precisamos de uma vacina.

Nenhuma epidemia infecciosa jamais foi vencida sem uma vacina. Então, sem uma vacina estaremos lutando com uma mão nas costas.

Depois de mais de uma década de pesquisa, em 2009 os cientistas desenvolveram uma vacina candidata que protegia um terço das pessoas contra o HIV. Isso não foi considerado bom o suficiente para ser um sucesso de saúde pública, mas o teste foi muito importante para a ciência – mostrando que uma vacina poderia ser possível.

Para o mundo exterior, pareceu que as coisas ficaram quietas depois desse avanço. Mas os cientistas têm trabalhado para refinar a candidata [a vacina] e uma versão atualizada entrou em ensaio clínico em grande escala no ano passado. Na mesma época, outra candidata promissora – Imbokodo – também iniciou um estudo de larga escala. Pela primeira vez em mais de uma década dois testes de larga escala de vacinas contra o HIV estão em andamento na África, cujos cientistas estão na vanguarda da pesquisa de vacinas contra a AIDS.

É vital que os doadores internacionais financiem a pesquisa de vacinas contra a AIDS para garantir que não renunciemos ao caminho mais eficaz para acabar com a AIDS. O desenvolvimento de vacinas é sempre um processo longo, mas quando o financiamento é cortado, o processo torna-se mais demorado, o que pode aumentar a fadiga dos doadores.

Enquanto muitos cientistas acreditam que estamos mais próximos do que nunca de uma vacina, a comunidade de doadores recuou. O Departamento para o Desenvolvimento Internacional da Grã-Bretanha, que tem um histórico louvável de financiamento de pesquisas sobre vacinas, encerrou seu financiamento para o desenvolvimento de vacinas contra a AIDS no início deste ano. A busca por uma vacina é altamente dependente do dinheiro da ajuda dos EUA, sujeita aos caprichos da administração Trump, que recentemente fechou um estudo que usava tecido fetal para descobrir uma cura para o HIV.

Estou satisfeito que algo positivo tenha saído da minha sorologia. Mas com uma política de saúde pública esclarecida, pesquisa e desenvolvimento adequadamente financiados e movimentos políticos que promovam a igualdade e a justiça social, não haverá necessidade de pessoas soropositivas fazer tais revelações: Não haverá pessoas soropositivas para faze-las!

*Lloyd Russell-Moyle é deputado do Partido Trabalhista pelo distrito de Brighton Kemptown.

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