Capítulo
III
Grupo
Experimentando a existência
do eu no (des)encontro com a outra
Viver com aids
Eu mudei bastante em relação à doença, (...) antes
eu achava que ia morrer, nunca achei que eu fosse passar esses 9 meses
(das oficinas) e hoje, eu sei que se cheguei aos nove, vou chegar
aos 19, 11, 2 anos, 10 anos, eu vou ser uma Clara21
na vida. Eu hoje tenho mais expectativa, foi muito bom.
Eu me aceitei, porque eu não me aceitava de jeito
nenhum (...) eu estava perdida e me encontrei.
Eu acho que a gente nasceu de novo.... uma nova
mulher, a gente veio como uma criança que nasce e está se desenvolvendo.
Hoje a gente está madura, mas a gente está nascendo de novo, uma nova
mulher, com uma nova cabeça pra enfrentar o vírus da aids, as coisas
e as pessoas, as dificuldades aí fora. Eu mesma mudei muito com relação
ao preconceito. Eu acho que eu tinha um preconceito de mim mesma,
hoje eu sinto uma força, encaro as pessoas. Sou eu quem tenho que
encarar e viver.(...) Pra mim deu uma super diferença, de como eu
vim e de como eu estou hoje.
Modificou bastante. Me achava incapaz de amar, antes
de vir para as oficinas achava isto. Aprendi que podia conciliar a
vida e a doença.
21
- Referia-se à personagem do álbum de Clara, livro produzido durante
esta pesquisa. Encontra-se disponível no GIV.