Em 8 de fevereiro de 1990, o sonho de nosso fundador, José
Roberto Peruzzo, se concretizou. Em uma reunião realizada nas
dependências do CRTA (Centro de Referência e Tratamento
em AIDS), com pessoas que haviam participado de seu 10º Encontro
de Pacientes, nasce a idéia da criação de um
grupo para integrar as pessoas soropositivas entre si e a sociedade,
buscando caminhos para a redescoberta da vida e mudanças de
atitude frente à epidemia, e ainda buscando alternativas para
prevenção e controle do desenvolvimento da doença.
Nesta primeira reunião estiveram presentes: Peruzzo, Dinah,
Toninho, Jacó, Flávio, Jorginho, Afonso e Cristal,
que deram os primeiros passos em nosso caminhar. Por sugestão
do Toninho, surgiu o nome. Dinah trouxe “Uma Estória
Diferente”, a estória dos sapinhos, e nos identificamos
com ela. O verde e o branco foram adotados como as cores oficiais
do Grupo, representando a esperança e a fé na vida,
respectivamente.
Nossos primeiros anos de ação não foram nada
fáceis, devido às dificuldades frente à própria
epidemia, que ganhava contornos maiores, frente às dificuldades
de atingir outros soropositivos, frente à grande discriminação
e preconceito que imperavam na sociedade, bem como às dificuldades
de estruturação de nossa sede. Além disto,
neste momento os portadores do HIV estavam muito vulneráveis
no combate à evolução da doença.
A princípio os encontros se realizaram na casa de nosso
fundador, Peruzzo e após algum tempo em uma sede alugada
na Alameda Glete, até chegarmos à sede atual que recebemos
como doação em 1993. Com a Sede própria nosso
trabalhos foram se intensificando e se ampliando na medida das novas
demandas que surgiram.
Nos primeiros anos nosso maior desafio foi vencer o preconceito
e solidificar relações entre soropositivos, seus familiares
e amigos, quebrando tabus impostos pela falta de informações
e pelo medo da morte.
Com Valter Galego, segundo presidente, foi o momento de solidificar
estas discuções e estruturar administrativamente o
grupo.
Com José Araújo, terceiro presidente, vivemos as
primeiras discussões acerca da necessidade de disponibilização
de terapias que surgiam parar todos os soropositivos, começava
a ganhar destaque o ativismo político.
A Partir das administrações de Eduardo Luiz Barbosa,
e posteriormente Cláudio Pereira, o ativismo do GIV ganhou
proporções ainda maiores, associadas à necessidade
de ampliar nossa formação para melhor atender nossos
companheiros. A participação e realização
de encontros (com parceiras ou não) intensificaram-se nesse
período, assim como os treinamentos para voluntários.
Desta forma, focava-se a articulação política
atrelada a um trabalho de formação dos soropositivos,
para cada vez mais poderem prestar um trabalho técnico e
capaz de atender as demandas da Convivência e da Prevenção.
Além disto, as representações para as quais
fomos indicados trouxeram maiores intercâmbios e ações
para o controle social.
Outro estímulo para a realização de nossas
metas foi o reconhecimento de nossas atividades como de utilidade
pública por parte dos órgãos competentes.
Nestes 12 anos desenvolvemos uma série de atividades voltadas
à melhoria da qualidade de vida das pessoas que vivem com
HIV/AIDS, grupos de convivência, terapias, massoterapias,
oficinas, treinamentos, encontros, passeios, pesquisas, palestras
e recentemente cursos profissionalizantes. Pudemos contar ao longo
dos anos com vários voluntários qualificados que contribuíram
para o êxito de nossas atividades. Nossa diretoria, composta
exclusivamente por soropositivos foi e continua sendo, dentro de
nossa proposta, um diferencial qualitativo para a implementação
das nossas ações.
Como sempre disseram os antecessores:
“Estamos construindo uma
história de muita luta, de vitórias, de vida.”
|