Durante o III Seminário Nacional sobre Vacinas e Novas Tecnologias de Prevenção do HIV/AIDS (ver nota neste Boletim), a Dra. Clarissa Barros forneceu dados sobre o estado da implementação da PrEP de janeiro a setembro de 2018.
Desde 2013, o Ministério da Saúde co-financiou projetos de demonstração da PrEP para informar a política nacional de PrEP com evidências científicas consistentes.
Um estudo de custo-efetividade, em parceria com a Fiocruz e a Universidade de Harvard, mostrou que a PrEP é custo-efetiva no Brasil entre populações-chave.
Em 2018 iniciaram-se dois estudos de implementação, em parceria com UNITAID e Fiocruz (ImPrEP e PrEP Adolescentes).
A PrEP, segundo ela, vem num momento muito importante no Brasil, visto que não há uma redução dos novos casos de infecção, em algumas populações chave. A Dra. Clarissa Barros informou que o frasco do medicamento foi comprado por US$ 25, e há perspectiva de que a próxima compra seja efetuada por U$ 22. Há uma opção genérica aprovada pela Anvisa.
Critérios de elegibilidade à PrEP:
- o usuário precisa ser HIV negativo e
- pertencer a alguma população-chave (Gays/HSH; Trans; Trabalhadores e Trabalhadoras Sexuais; Parcerias Sorodiferentes) e
- ter realizado sexo anal ou vaginal sem preservativo (últimos 6 meses) e/ou
- ter usado repetidamente a PEP e/ou apresentar IST frequente
- mais outras vulnerabilidades para infecção pelo HIV (uso de drogas, número de parceiros etc.).
O total de serviços de PrEP no Brasil até setembro de 2018 era de 65 serviços em 46 municípios de 27 estados do Brasil.
Quanto ao acesso, de janeiro a setembro de 2018, foram apurados os seguintes dados:
- 5.712 entraram em PrEP;
- 5.191 estão em PrEP (definição - pelo menos uma dispensa nos últimos 120 dias).
Destes:
- 1.147 no 1º atendimento;
- 1.819 no retorno de 30 dias;
- 2.225 em acompanhamento clínico.
Quanto às populações que acessaram a PrEP, a Fig. 1 mostra a distribuição dos usuários por população.
A ocorrência de infecção sexualmente transmissível (IST) é monitorada durante a PrEP. Aqui a Fig. 2 mostra a proporção dos usuários que nos últimos 6 meses teve sintoma ou foi diagnosticado com alguma IST.
Atualmente, o desafio é fazer com que a PrEP chegue a quem mais pode se beneficiar dela e esteja em maior risco de contrair o HIV: indivíduos de baixa renda e não brancos de grupos de pessoas trans, jovens gays e profissionais do sexo.
Por último, Clarissa lembrou que a PrEP não é somente tomar as pílulas diariamente:
- É a testagem trimestral para HIV e IST;
- É a vacinação para hepatites;
- É o tratamento das IST;
- É a realização de exames para acompanhar a possibilidade de eventos adversos (função renal, função hepática);
- É empoderar os usuários sobre saúde sexual e reprodutiva.
Em 2019 haverá uma reconsideração da política de PrEP por parte da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) do Ministério da Saúde. Será importante se manifestar de modo a continuar e ampliar esta política, que junto ao Tratamento como Prevenção, a profilaxia pós-exposição (PEP), o uso de preservativos e a prevenção combinada em geral, forneceu quedas de novas infecções em alguns países do mundo.