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DESENVOLVIMENTO
03/07/2006 - Reuters
ONU denuncia obstáculos "enormes" às metas de desenvolvimento
Com menos de dez anos para atingir suas metas de desenvolvimento para o mundo, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou nesta segunda-feira que há obstáculos "enormes" ao sucesso e que as condições de vida em muitos países pobres estavam na realidade piorando.
As oito Metas de Desenvolvimento do Milênio incluem avanços nas áreas de saúde, de combate à pobreza e de proteção ao meio ambiente. Entre esses objetivos estão diminuir pela metade o número de pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia e deter a disseminação da Aids e da tuberculose.
O relatório da ONU sobre as metas, estabelecidas em 2000, afirma que, apesar de o número de miseráveis ter diminuído, cerca de outros 140 milhões de pessoas ingressaram nessa categoria na África subsaariana.
Um número maior de moradores da região também enfrenta a fome. A África subsaariana, de outro lado, registrou avanços apenas modestos no combate à mortalidade infantil e à gravidez indesejada nos últimos seis anos, segundo o estudo.
"Os desafios apresentados pelas Metas (de Desenvolvimento do Milênio) são imensos", afirmou, na introdução do relatório, Jose Antonio Ocampo, subsecretário da ONU para assuntos econômicos e sociais.
"Disparidades no progresso, tanto entre os países como dentro dos países, são bastante amplas e os mais pobres entre nós, a maior parte deles morando em áreas rurais, estão sendo deixados para trás."
Ainda assim, Ocampo ressaltou que "algum progresso foi feito" rumo ao cumprimento das metas acertadas por 189 países e previstas para serem cumpridas até 2015.
Apesar das muitas dificuldades para atingir grande parte dos objetivos, a ONU notou uma melhora no acesso à educação primária e em outras áreas.
Segundo a entidade, um acesso bastante ampliado à escola na Índia ajudou a melhorar essa taxa para 86 por cento no mundo em desenvolvimento. Os índices mais altos são registrados na América Latina, onde 95 por cento das crianças frequentam as aulas.
Mas essas taxas não apresentaram melhoras na África subsaariana e precisam ser ampliadas na Oceânia e no Oeste da Ásia para que a meta mundial para a área de educação seja atingida, disse a ONU, notando que menos da metade das crianças de Burkina Fasso, do Djibuti, da Eritréia, da Etiópia, do Mali e de Níger recebiam educação básica.
Apesar de vários países terem conseguido reduzir as taxas de contaminação pelo HIV (vírus da Aids), contribuindo para a meta de brecar a disseminação da doença e começar a diminuir o número de casos dela até 2015, as taxas estão aumentando globalmente e o número de pessoas com o vírus continua a crescer.
O relatório informou que a distribuição de redes tratadas com inseticida para combater a malária havia aumentado em dez vezes na África subsaariana, mas que o uso delas variava entre os mais ricos e os mais pobres e entre as áreas rural e urbana.
O documento também apontou para um grande desequilíbrio entre os países quando se trata de garantir a vacinação das crianças contra o sarampo, que continua a matar quase 500 mil delas todos os anos.
Dois terços das crianças do mundo sem proteção contra o sarampo vivem em seis países -- China, República Democrática do Congo, Índia, Indonésia, Nigéria e Paquistão.