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BONO VOX ELOGIA GOVERNO BRASILEIRO

13/12/2004 - Agência Aids

Em fabricar medicamentos mais baratos contra a Aids

A revista “Veja” desta semana publicou reportagem e entrevista exclusiva com Bono Vox, vocalista da banda irlandesa U2, que vendeu mais de 100 milhões de discos em 24 anos de carreira e lucrou US$ 110 milhões apenas em sua última turnê. O cantor sempre esteve engajado em causas sociais e em suas peregrinações já foi recebido pelo presidente americando George W. Bush, pelo primeiro-ministro inglês Tony Blair e pelo Papa João Paulo II, entre outros. A Aids também é uma das bandeiras adotadas pelo artista.
Bono Vox conversou em Dublin, na Irlanda, com o jornalista Sérgio Martins, sobre o poder da música em provocar mudanças no mundo e de sua luta pelo perdão da dívida externa dos países pobres, contra a Aids na África e por um comércio mundial mais justo. Leia abaixo, trecho da entrevisa.

Veja - Por que o senhor adotou a luta contra a Aids na África como bandeira?

Bono - Porque se trata de uma tragédia sem precedentes. Em muitos países, escolhe-se quem deve morrer e quem deve viver: como existem poucos remédios, comissões decidem quem terá ou não direito a eles. Há pouco tempo, conheci uma africana cjua irmã havia acabado de morrer de Aids e perguntei a ela sobre a frustração de não ter remédios. Ela me disse que, mesmo que os tivesse, jamais os daria à irmã. Preferia dá-los às enfermeiras, que trabalham diretamente com as vítimas da Aids.

Veja - Na esperança de melhorar a situação?

Bono - Sim. Aliás, gostaria de fazer um elogio público ao governo brasileiro. O empenho do Brasil em fabricar remédios mais baratos para o combate à Aids serve de inspiração para o mundo. Ao criar os genéricos e lutar contra os grandes laboratórios farmacêuticos, o país mostrou a saída. Até então, todos achavam isso impossível. Hoje, quando sento para discutir o problema da África com George W. Bush ou Tony Blair, cito o Brasil como um exemplo a ser seguido.

Veja - E qual é a relação deles?

Bono - Eles ficam amedrontados. A propriedade intelectual é um assunto delicado e a indústria farmacêutica dos Estados Unidos é uma das principais financiadoras do governo daquele país. Essa gente nem pode ouvir falar em remédios genéricos. Eles querem mais é que a idéia não vingue. Eu não ligo para o que a indústria farmacêutica pensa. Quero remédios mais baratos para a população pobre. A minha principal bandeira é acabar com o temor dos africanos de desrespeitar a indústria farmacêutica e adotar de uma vez todos os genéricos. Os africanos compram dos grandes laboratórios porque têm medo da reação das potências mundiais. Mesmo líderes que saíram da pobreza preferem castigar o povo a adotar o exemplo brasileiro.