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TESTES COM VACINA TERAPÊUTICA
05/12/2004 - UOL NOTÍCIAS
Vacina contra a Aids entra 2ª fase de testes em fevereiro
Os testes da vacina para o tratamento de pacientes com o vírus da Aids, desenvolvida e testada por pesquisadores da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), em parceria com a Universidade de Paris, entram numa nova etapa a partir de fevereiro do próximo ano.
Na primeira fase, a presença do HIV nos voluntários foi reduzida em pelo menos 80%. Em oito deles, segundo o pesquisador Luiz Cláudio Arraes, um dos coordenadores da pesquisa, o vírus chegou a níveis indetectáveis. O professor explica que a vacina fez o próprio sistema imunológico dos pacientes se encarregar de identificar e destruir o HIV.
Os resultados foram publicados no último domingo na revista científica britânica "Nature Medicine".
Além das 18 pessoas envolvidas na primeira etapa de testes, foram selecionados 20 novos voluntários para a fase 2, que se estenderá por seis meses do próximo ano. Em todos os casos, os pacientes passaram por uma triagem com critérios psicológicos, virais e imunológicos.
O grupo escolhido tem como característica ser soropositivo, mas ainda não ter desenvolvido a doença e recebido qualquer tipo de tratamento.
Os primeiros 18 voluntários receberam três doses da vacina, tomadas em intervalos de quinze dias. Após essa etapa, eles foram monitorados quinzenalmente. A estratégia consiste na retirada de uma quantidade de células dendríticas (componentes do sistema imunológico que acusam a presença de invasores às células de defesa) e do vírus do paciente.
Já desativado quimicamente, o vírus é colocado junto às células dendríticas para que elas aprendam a identificá-lo. Só então, elas voltam a ser introduzidas no paciente para que atuem como denunciantes do HIV e o sistema imunológico possa destruí-lo.
Normalmente, as células dendríticas são incapazes de denunciar a presença do vírus da Aids.
Na fase 3 do trabalho, os pesquisadores esperam fazer um tipo padronizado de vacina que seja eficaz para todos os subtipos do vírus HIV. "Se todas as etapas de testes forem bem-sucedidas, a expectativa é de que a pesquisa esteja concluída em 2008", acredita Arraes.
A pesquisa contou com a ajuda financeira de um empresário francês, morto em maio deste ano em conseqüência de um tipo raro de câncer no pâncreas. Quarenta milhões de pessoas possuem o vírus da Aids no mundo, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU).