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TERAPIA ANTI-RETROVIRAL MAIS TARDE

29/11/2004 - Agência Aids

Mulheres recorrem mais tarde que homens, diz Unicamp

As mulheres recorrem à terapia anti-retroviral (TAR) mais tarde que os homens. O fenômeno, observado em todo o mundo, ocorre em virtude de fatores culturais, psicológicos e sociais, e pode prejudicar o tratamento das mulheres infectadas pelo HIV. Este foi um dos tópicos abordados pela médica assistente da Unidade de Pesquisas Clínicas em HIV/AIDS da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Mônica Jacques de Moraes, em palestra proferida hoje no II Fórum Brasileiro de Aids. O evento foi encerrado neste sábado em São Paulo.
Na conferência, que abordou os aspectos clínicos relativos à infecção pelo HIV na mulher, a médica da Unicamp levantou questões relevantes para o estágio atual da epidemia da Aids, em que se observa um crescimento significativo de casos entre o sexo feminino. “Todos os estudos clínicos mundiais realizados até hoje incluíram mais pacientes do sexo masculino”, observou. “Será que devemos modificar as recomendações para o manejo clínico aplicado para as mulheres, tendo em vista o aumento de casos entre o sexo feminino?”
A Dra. Jacques de Moraes explica que, por enquanto, esta pergunta não tem resposta. “Precisamos pesquisar mais”, afirma. Ela acrescenta que os estudos sobre os marcadores laboratoriais que indicam quando se deve dar início à TAR em homens e mulheres apontam que os índices empregados atualmente - os mesmos para os dois sexos - são adequados. Apesar de a resposta à terapia ter se mantido em níveis semelhantes tanto em homens como em mulheres, a médica ressalta que as mulheres têm recorrido mais tarde à TAR que os homens.
Cerca de 30% dos pacientes de Aids atendidos pela Unidade de Pesquisas Clínicas da Unicamp são mulheres. Uma grande parte da população atendida é formada por usuários de drogas injetáveis de Campinas e região.
O III Fórum Brasileiro de Aids será realizado em 2006, em Fortaleza. O médico infectologista Érico Arruda, do Hospital São José, na capital cearense, será o próximo presidente do encontro. Cerca de 700 pessoas, a maioria profissionais de saúde, participaram do evento encerrado hoje na capital paulista.