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Mortes por Aids no DF diminuem

13/06/2003 - CORREIO BRAZILIENSE

Mortalidade entre soropositivos diminui 25% em sete anos.

Mortalidade entre soropositivos diminui 25% em sete anos. Em locais mais pobres, contaminação ainda preocupa. Uso de camisinha é incentivado em campanhas educativas

Juliana Cézar Nunes
Da equipe do Correio

O vírus HIV é poderoso. De tempos em tempos, muda de alvo, perde e ganha força. Na última década, medicamentos eficazes foram produzidos e distribuídos gratuitamente pelo governo. O efeito veio em seguida. Em sete anos, o índice de mortalidade por Aids no Distrito Federal diminuiu 25%.

Em 1995, 32% dos pacientes soropositivos morreram. No ano passado, esse índice foi de 7%. Acuado, o HIV procura saídas. Decidiu, por exemplo, tomar proveito da confiança das mulheres em seus maridos e na inconseqüência dos jovens para fazer novas vítimas. No locais onde as dicas de prevenção não encontram terreno fértil, como nas regiões de baixa renda, o HIV é difícil de ser combatido.

Levantamento da Secretaria de Saúde do DF divulgado ontem mostra que o Plano Piloto continua o local com maior número de soropositivos. Mas o registro de novos casos vem diminuindo. Já em locais como Ceilândia, Taguatinga e Guará, o número de casos recentes se mantém no mesmo patamar. Taguatinga é a recordista. Dos 218 casos registrados em 2002, 40 foram de lá — apenas três pessoas a menos do que em 2000.

Na Asa Norte, que há três anos registrava 23 casos, o índice diminuiu pela metade. Foram identificadas apenas 10 pessoas com HIV na região em 2002. Para a gerente do Programa de Combate às Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids do DF, Josenilda Gonçalves, a ‘‘pauperização’’ da epidemia segue uma tendência nacional, assim como o aumento da contaminação entre mulheres e jovens. ‘‘Para mudar esse quadro, estamos fazendo uma parceira com o Programa Saúde da Família e as rádios comunitárias. Também vamos capacitar profissionais para trabalhar em centros de saúde das regiões mais preocupantes.’’

Camisinha feminina

Há 13 anos, existiam oito homens infectados para cada mulher. Em 2001, a relação chegou a dois homens para uma mulher. Entre as jovens, esse índice chega a ser de um para um. Além da falta de informação, mulheres e jovens têm dificuldade de negociar o uso da camisinha com o parceiro. Para incentivá-los, a Secretaria de Saúde aproveitou o dia dos namorados e distribuiu cinco mil preservativos em dois pontos estratégicos da cidade: Rodoviária do Plano Piloto e Pátio Brasil Shopping. Locais onde mulheres e jovens de baixa e média renda costumam circular.

A moradora de Planaltina Francisca de Souza, 28 anos, soube da distribuição pelo rádio, na manhã de ontem. Imediatamente saiu de casa, pegou um ônibus e desembarcou na Rodoviária. Passou 15 minutos à procura das duas funcionárias da Gerência do Programa de Combate às Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids (DST/Aids) que entregavam envelopes de camisinha semi-colados a um folder.

Francisca encontrou a dupla na saída da escada rolante do mezanino. Animada para uma noite de amor com o namorado, a moça pediu um preservativo feminino. ‘‘Nunca vi um desse, mas parece legal, vou experimentar esta noite’’, disse, em voz baixa, a negra de rosto redondo e sorriso largo. ‘‘Sei que preciso confiar no meu namorado desconfiando.’’

Contaminação

1,5 mil - é o total de pessoas com Aids no Distrito Federal
11 - é o número de soropositivos em cada grupo de 100 mil habitantes da capital