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A EXTENSÃO DA AIDS NA CHINA
20/10/2004 - O Globo
China inicia pesquisa polêmica
PEQUIM. A China vai iniciar seu primeiro e mais polêmico levantamento sobre a extensão da Aids entre doadores e vendedores de sangue, uma das formas mais comuns de contaminação entre os chineses pela falta de cuidado na coleta e nos testes. Até agora, o governo chinês não tem noção exata sobre a quantidade de portadores do vírus da Aids contaminados por transfusões.
Mas o levantamento promete ser polêmico. O governo fará sua pesquisa exigindo que as autoridades de saúde das províncias e regiões autônomas busquem e testem toda a pessoa que doou sangue no país nos últimos 10 anos. Muitas doações, especialmente em províncias do interior, não são precedidas de testes na China. E muita gente vende sistematicamente o sangue para a produção de hemoderivados simplesmente como uma forma de ganhar dinheiro, o que é feito na China de maneira legal e ilegal.
O Ministério da Saúde da China quer que as províncias ajam além da busca burocrática de doadores em clínicas conhecidas. Se preciso for, a polícia será acionada para descobrir clínicas de coleta clandestinas. Não foi divulgado o que pode acontecer se o governo descobrir clínicas com sangue contaminado com o vírus da Aids.
Nenhuma pessoa pode ser esquecida, resume o comunicado do Ministério da Saúde chinês divulgado em seu site na Internet. O governo alega que a medida extrema se justifica pela situação crítica da Aids no país. Todos aqueles que se infectaram com o vírus vendendo sangue por volta de 1995 já entraram na fase de demonstrar sintomas, diz o diretíssimo anúncio.
E continua: Um número crescente de casos de Aids envolvendo vendedores de sangue ocorrem em áreas que não se considerava seriamente afetadas. Ao mesmo tempo, há ainda regiões onde vendedores de sangue portadores do vírus continuam agindo sem serem descobertos.
Pequim garante que a privacidade de doadores e vendedores de sangue será preservada, mas já se teme uma caça às bruxas. O governo chinês estima que há 840 mil portadores do HIV no país, desse total, provavelmente 20% devem ter adquirido o vírus por transfusões de sangue em esquemas ilegais.