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BARRANDO O HIV
18/10/2004 - BBC Brasil
Cientistas testam creme que barra a transmissão da Aids
Uma equipe formada por cientistas de diversos países afirma ter desenvolvido um remédio que impede que o vírus da Aids seja transmitido para a fêmea do macaco por intermédio de relações sexuais.
Os cientistas dizem esperar que sua pesquisa seja um passo no desenvolvimento de um creme que possa ser usado por seres humanos para prevenir a infecção pelo HIV.
Segundo os cientistas, o vírus se prende a células específicas da vagina.
"A grande maioria das infecções pelo HIV no mundo acontece por transmissão sexual, mais comumente por relações heterossexuais", disse Michael Lederman, um dos cientistas que participaram do estudo.
Mucosa
"Não se sabia ao certo como o HIV era transmitido na mucosa e, assim, qual caminho deveria ser bloqueado para que a infecção não acontecesse", acrescentou.
A equipe de cientistas aplicou uma solução com alta concentração de um mensageiro imunológico natural alterado (milhares de vezes mais eficiente do que o mensageiro não alterado) às membranas vaginais de macacas Rhesus.
Essa solução agiu sobre moléculas superficiais, que são usadas pelo HIV para entrar no sistema imunológico.
Em seguida, os pesquisadores expuseram as macacas a altas doses do vírus. A solução conseguiu proteger os animais com sucesso, sem que tenham sido detectados efeitos colaterais.
"Ainda há muito trabalho a ser feito antes que tenhamos um método fácil e de baixo custo para bloquear a transmissão do HIV por intermédio de membranas vaginais", afirmou Lederman.
Preservativo
"Mas nós demos um passo importante. Agora que mostramos que é possível bloquear a transmissão do vírus pela vagina de macacas e que identificamos a molécula-alvo, a porta está aberta para o desenvolvimento de um agente tópico que pode prevenir a infecção em seres humanos", disse o cientista, da Case Western Reserve University, em Cleveland, Ohio.
De quatro milhões a seis milhões de pessoas são infectadas a cada ano pelo vírus da Aids, a maioria das quais por meio de relações sexuais sem proteção.
"Há uma necessidade real para uma estratégia de prevenção de uso tópico que as mulheres possam controlar. Isso é particularmente importante em ambientes onde os homens não necessariamente usam preservativos", afirmou Lederman.
As descobertas foram apresentadas nesta quinta-feira na 23ª Conferência Anual de Repórteres de Ciência da Associação Médica Americana, em Washington.
O estudo foi publicado na revista Science.