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A BUSCA DE VACINA CONTRA A AIDS

03/09/2004 - UOL/Financial Times

Previsão é de 10 anos, segundo pesquisadores reunidos na Suiça

Uma vacina eficaz contra a Aids ainda está a pelo menos uma década de distância, segundo especialistas que participam de uma conferência esta semana na cidade suíça de Lausanne para avaliar as últimas pesquisas. Giuseppe Pantaleo, presidente da conferência e professor no hospital universitário de Lausanne, disse que uma vacina é improvável antes de 2014 "e talvez ainda mais tarde".
Ele e outros pediram um maior empenho europeu na pesquisa de vacinas, hoje concentrada predominantemente nos Estados Unidos.
Seth Berkley, diretor da Iniciativa Internacional da Vacina contra Aids (Iavi), pediu a duplicação dos recursos, para US$ 1,1 bilhão por ano, e novas iniciativas em colaboração entre os setores público e privado para acelerar o desenvolvimento da vacina.
"Todo ano esperamos: milhões serão infectados e condenados à morte", disse Berkley ontem em Genebra. "Somente uma vacina poderá pôr fim à epidemia."
Cerca de 5 milhões de pessoas são infectadas por ano com o HIV (vírus da imunodeficiência humana), que causa a Aids (síndrome de deficiência imunológica adquirida), e 3 milhões por ano morrem da doença atualmente.
Wayne Koff, chefe de pesquisa de vacinas da Iavi, disse que desenvolver uma vacina eficaz contra a Aids foi "o desafio mais difícil que já enfrentamos em termos de uma vacina".
Mais de trinta vacinas candidatas contra o HIV estão sendo submetidas a testes clínicos com seres humanos em 19 países, e a maior parte começou nos últimos quatro anos. Somente uma candidata, a Aidsvax do laboratório VaxGen, passou por testes em larga escala, cujos resultados foram desanimadores.
Koff disse que uma vacina totalmente protetora precisaria estimular os anticorpos contra o HIV, assim como matar as células infectadas --o foco de quase todas as atuais candidatas a vacina.
Matar as células infectadas, mantendo as cargas virais em níveis baixos, poderia retardar o desenvolvimento da Aids em pessoas soropositivas, de uma média de dez anos para talvez 20, mas não evitaria a infecção pelo HIV.
Os pesquisadores ainda estão em uma etapa inicial da busca de vacinas capazes de produzir anticorpos para o HIV. Enquanto isso, a Iavi pressiona para que todas as candidatas a vacina sejam submetidas aos testes clínicos necessários.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves