Notícias

SÍFILIS PRECISA DE MAIS VISIBILIDADE

01/09/2004 - Agência Aids

A preocupação com as Dsts

A pesquisadora Valéria Saraceni, da Universidade Federal Fluminense (UFF), traçou um paralelo entre a epidemia da sífilis e do HIV, durante os congressos DST 5, Prevenção 5 e Aids 1, realizados no Recife. A sífilis é causada pela bactéria Treponema palidum , transmitida principalmente em relações sexuais. Dados do Ministério da Saúde estimam 900 mil novos casos a cada ano no país. Deste total, pelo menos 28 mil são de sífilis congênita.
O primeiro relato de sífilis congênita, transmitida de mãe para o filho, é de 1448. Em 1943, a penicilina foi usada para o tratamento da doença. Apesar de ser uma doença antiga e com cura, a sífilis tem sido negligenciada pelo governo brasileiro, afirmou Seraceni.
A Aids foi descrita na literatura médica mundial em 1981 e, segundo a pesquisadora, é a doença que mais teve e ainda tem investimento em pesquisa. Seis anos após a descoberta do HIV, surgiu o primeiro medicamento para a Aids, o AZT. Entre 1987 e 2003, 18 drogas foram descobertas para tratar os soropositivos.
“A Aids tem maior visibilidade na mídia, serviços de atendimento especializados, um exame de fácil interpretação para detectar a doença e uma ampla rede de apoio social para as pessoas que vivem com a doença, como organizações não governamentais”, prosseguiu Saraceni. Esses fatores ajudam a controlar a epidemia.
As principais dificuldades para o tratamento da sífilis são a baixa escolaridade dos pacientes, o despreparo médico para tratar a doença, a precariedade dos serviços públicos e o grande desconhecimento da população sobre o assunto.
A transmissão vertical da sífilis e do HIV é prioridade do Ministério da Saúde. Dados apresentados pela pesquisadora revelam que 50% dos casos de sífilis em gestantes provocam aborto ou morte nas primeiras semanas de gravidez enquanto 25% dos casos de Aids têm desfecho negativos.
“É preciso mudar o paradigma da sífilis de uma ‘doença banal’ para uma importante causa de morbidade e mortalidade perinatal”, concluiu Saraceni.