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Boa nova na luta contra Aids

06/06/2003 - JORNAL DE BRASÍLIA

Novo medicamento possibilita transplante de órgãos.

Novo medicamento possibilita transplante de órgãos também em pacientes terminais

O bem-sucedido transplante de coração feito há dois anos em um paciente de Aids à beira da morte enche de esperanças as pessoas infectadas com o vírus HIV, segundo um relatório publicado, ontem, no The New England Journal of Medicine. O paciente transplantado, Robert Zackin, da Faculdade de Medicina de Harvard (EUA), e co-autor do relatório, estava quase morrendo em conseqüência de problemas cardíacos, aparentemente causados pelos medicamentos que tomava para combater o vírus. Zackin teve a doença diagnosticada em 1992, seis anos após ser infectado. Os cardiologistas que fizeram o transplante de coração disseram que esta cirurgia só foi possível porque Zackin tinha sob controle as infecções do HIV. Segundo eles, os novos medicamentos podem controlar com tanta eficácia as infecções causadas pela Aids que estes pacientes podem ser considerados aptos para o transplante de órgãos, até mesmo de fígado e rim, um benefício que ainda está em fase experimental. Os efeitos secundários do medicamento Daunorubicin Lipossomal – utilizado para tratar determinados tipos de câncer, alguns comuns entre pacientes com Aids – aparentemente causaram problemas cardíacos a Zackin. O relatório indicou que, em 1994, o número de linfócitos "CD4" de Zackin tinha chegado a zero, com o que seu sistema de defesas estava praticamente destruído. As células "CD4", também conhecidas como células T ajudantes, são linfócitos ou células brancas do sangue que controlam a capacidade do corpo de reconhecer e combater infecções e cânceres. Os novos medicamentos contra a Aids fizeram com que Zackin pudesse retornar ao trabalho e à rotina diária de exercícios. Especialistas consideram que o êxito nos transplantes de pacientes com Aids abrirá um novo capítulo no tratamento a longo prazo dos infectados de HIV.