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CO-INFECÇÃO AIDS/HEPATITE C
01/08/2004 - Agência Aids
Resultados de estudo
A infecção simultânea pelo vírus HIV, que provoca a Aids, e pelo HCV, que causa a hepatite C, é mais freqüente do que se imagina: das cerca de 170 milhões de pessoas no mundo acometidas pela hepatite C (HCV), aproximadamente 30% também apresentam a infecção pelo vírus HIV. Na Espanha e no Brasil, os dois países em que este índice é o mais elevado, a infecção simultânea HIV/HCV é de 50% e 54%, respectivamente. Os dados são alarmantes e exigem uma resposta. Para fazer frente a este desafio, foi apresentado os resultados do estudo APRICOT (Aids Pegasys Ribavirin International Co-infection Trial). Na pesquisa, 868 pacientes portadores de co-infecção HIV/HCV receberam uma combinação dos medicamentos Pegasys (interferon peguilado alfa-2a ) e Copegus (ribavirna). Segundo os resultados divulgados pela Roche, 40% deles foram curados da hepatite C.
O tratamento anti-retroviral trouxe um aumento da expectativa de vida dos pacientes de Aids. No entanto, muitos daqueles que têm os dois vírus no organismo (HIV/HCV) não morrem mais de Aids, mas de hepatite C. Os resultados do estudo patrocinado pela Roche podem representar uma esperança para muitas pessoas que vivem com HIV/AIDS, tendo em vista que, nesses casos, a hepatite C evolui de sete a oito vezes mais rapidamente para a cirrose hepática, em comparação aos pacientes infectados apenas pelo vírus HCV.
Na opinião do médico Ramón Planas, do Hospital Universitário Germans Trias i Pujol, de Barcelona, dentro de um ou dois anos, os pacientes de Aids deverão passar a exigir que as autoridades sanitárias de seus respectivos países também ofereçam os medicamentos para combater a co-infecção HIV/HCV, ao lado dos anti-retrovirais. A observação de índices elevados da infecção simultânea pelos dois vírus e a possibilidade de cura do HCV deverão servir de incentivo para que as pessoas que vivem com HIV/AIDS exijam os exames de diagnóstico e o tratamento para a hepatite C. O Hospital Universitário Germans Trias i Pujol participou da pesquisa da Roche. Ao todo, médicos de 19 países tomaram parte do estudo, incluindo cinco do Brasil.
De acordo com o Dr. Planas, a pesquisa revelou que o tratamento da hepatite C nos pacientes HIV positivos não prejudicou a terapia anti-retroviral à qual estavam sendo submetidos. Segundo ele, apenas 15% dos pacientes precisaram interromper o tratamento. Além disso, a carga viral do HIV diminuiu com o tratamento de interferon peguilado alfa 2a, afirmou.
O medicamento Pegasys (interferon peguilado alfa 2a) está à venda no Brasil desde fevereiro de 2002. É disponível em solução líquida de 1 ml em frasco ampola, pronto para uso. Deve ser administrado com injeção sub-cutânea, sendo possível a auto-aplicação. O preço oficial de uma ampola é em torno de R$ 1 mil. A rede pública de saúde distribui o Pegasys. O tratamento, que prevê uma injeção semanal, dura de 24 a 48 semanas, de acordo com o caso. Após este período, o paciente fica sob observação durante 24 semanas. Caso a carga viral do HCV se mantenha negativa durante este prazo, considera-se que o tratamento foi bem sucedido.