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FILHOS DE CASAIS SOROPOSITIVOS
18/07/2004 - Agência Aids
O risco que um casal soropositivo é moralmente aceitável
Apesar do progresso cientÃfico já alcançado no tratamento da Aids, os casais que vivem com vÃrus HIV ainda enfrentam um grande dilema: ter ou não ter filhos. Essa dúvida que faz muitos soropositivos desistirem da procriação humana foi analisada pelo filósofo da Universidade de Ghent (Bélgica), Guido Pennings (foto), durante o VII Simpósio Comemorativo dos 10 anos da G&O Barra, que acontece na cidade do Rio de Janeiro. Para o especialista, os médicos que apoiam esse tipo de parto não podem ser considerados negligentes.
Guido Pennings não é médico, porém sua experiência como filósofo e representante da Comissão de Ãtica da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia interessou aos cerca de 100 médicos que participaram da palestra O médico no processo parental do casal HIV positivo.
Como as estatÃsticas indicam que há aproximadamente 2% de risco da infecção do HIV na transmissão vertical quando a mulher é soropositiva, a indicação da reprodução entre casais portadores do vÃrus da Aids causa polêmica entre os profissionais da área da saúde. Porém, Guido Pennings acredita que os médicos já indicam aos pacientes outras diversas situações de risco. âAjudar na procriação de um ser humano, mesmo que ele tenha risco de contrair o HIV, não é erradoâ, destacou.
Para o especialista, os médicos deveriam comparar essa conduta com outras que têm o mesmo risco. âSe os médicos tratam pacientes com câncer, considerados de pouca expectativa de vida, a recusa em ajudar um casal portador do HIV a ter filhos é injustificávelâ.
Até o tratamento de casais soropositos inférteis, que têm ainda mais risco de contraÃrem o vÃrus do que os férteis, é recomendada pelo filósofo. âPara uma pessoa vivendo com HIV/Aids, ter um filho representa uma enorme esperança de vida, por isso a única forma que um médico pode ajudar é aceitar a opção é supervisionar para que o risco de contrair o vÃrus diminua ao máximoâ.