Notícias

OS ORFÃOS E A AIDS

13/07/2004 - Reuters

Aids deixa 15 milhões de crianças órfãs, diz ONU

A epidemia de Aids deixou 15 milhões de crianças sem um ou os dois pais e reverteu a tendência de queda no número de órfãos em consequência de melhores condições de saúde e nutrição, disse um relatório da ONU na terça-feira.
Com o crescimento dos índices de contaminação por HIV e a média de 10 anos de doença até a morte, um número estimado de 18,4 milhões de crianças perderão pelo menos um dos pais até 2010, de acordo com relatório da Unicef divulgado durante a 15a. Conferência Internacional sobre Aids. "Há uma onda de crianças que perderam um ou os dois pais", disse à Reuters Carol Bellamy, diretora da agência da ONU para a infância.
"Quinze milhões globalmente, perto de 12 milhões somente na África subsaariana", disse ela. "Tem a possibilidade de desestabilizar sociedades de maneira dramática."
Sem a epidemia de Aids, que já matou 20 milhões de pessoas no mundo e contaminou 38 milhões, o número de órfãos cairia, devido a melhores condições de saúde e nutrição. A Aids reverteu esta tendência.
Os principais focos do encontro sobre a Aids, que começou no domingo, são dinheiro, acesso a remédios que prolongam a vida e meios de prevenção de novas infecções.
Mas ativistas de proteção da infância dizem que o drama dos órfãos e das crianças vulneráveis não está recebendo a atenção que merece.
"Essas crianças são o futuro de suas sociedades e foram esquecidas pela comunidade global", disse Joanne Carter, diretora legislativa do grupo Results, grupo que combate a fome e a pobreza no mundo.
As crianças que perdem os pais vítimas de Aids sofrem discriminação e abandono se um dos genitores não pode ou não quer criá-las. As próprias crianças podem estar infectadas.
Elas também podem ficar sem educação e mais vulneráveis a violência e exploração.
O relatório da Unicef pede mais financiamento e programas de ajuda a famílias e para comunidades lidarem com a crise e proteger os órfãos.
O grupo médico e humanitário Medicins Sans Frontieres (MSF -- Médicos Sem Fronteiras) disse que o tratamento de crianças com Aids é uma batalha difícil, pois as drogas e os testes de diagnóstico não foram adaptados para elas.