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ESFORÇO CONTRA A AIDS:

12/07/2004 - Reuters

Precisa estar no tratamento e na prevenção

A combinação de prevenção e tratamento é o único modo de combater a epidemia global de Aids e de garantir que todos os que precisam recebam os remédios que podem salvar suas vidas, disse uma especialista em Aids na segunda-feira.
Helene Gayle, da Fundação Bill & Melinda Gates, lembrou que a mensagem de facilitar o acesso, tema central da 15a. Conferência Internacional de Aids, não se refere apenas ao tratamento, mas também à prevenção e ao apoio.
"Se esperamos manter as metas de tratamento, não podemos nem começar sem manter a redução do número de novas infecções", disse ela à Reuters.
A Organização Mundial da Saúde estabeleceu a meta "3 para 5" -- fornecer medicamentos anti-retrovirais para 3 milhões de pessoas até o fim de 2005.
"Mas temos 5 milhões de novas infecções todos os anos. Portanto, para manter o tratamento praticável, e para mantê-lo sustentável, precisamos ter certeza de que teremos o menor número de pessoas possível precisando de tratamento no futuro."
Especialistas em Aids estimam que uma prevenção ampla possa evitar 29 milhões das 45 milhões de novas infecções previstas para ocorrer nesta década.
Mas apenas 20 por cento das pessoas sob alto risco de serem infectadas têm acesso a programas ou serviços de prevenção.
Gayle, que chefia os programas de Aids da organização filantrópica fundada pelo presidente da Microsoft, acredita que o esforço para aumentar o acesso às drogas seja uma oportunidade para abordar a prevenção, já que as duas coisas se reforçam mutuamente.
"O tratamento pode estimular e facilitar maiores esforços de prevenção. Com mais gente tendo acesso aos anti-retrovirais, o estigma se reduz, as pessoas se dispõem mais a fazer exames e entram no sistema de saúde, o que também oferece uma oportunidade para a prevenção."
Ela também advertiu que se concentrar apenas no acesso ao tratamento sem dar ênfase à prevenção pode resultar em complacência, no aumento do comportamento sexual de risco e numa elevação do número de novas infecções.
A especialista também ressaltou a importância de focalizar as mulheres e os jovens. "É uma questão importante. A intersecção de juventude e mulheres é onde grande parte de nossa energia precisa estar, principalmente nas mulheres jovens da África, que estão levando a pior nessa epidemia."
Mas ela não quis entrar na discussão sobre o que é mais eficiente para evitar novos casos de Aids: o uso de camisinha ou a abstinência. "Sabemos que retardar o início da vida sexual, nem que seja por um ano, tem um impacto enorme na redução da infecção por HIV em jovens, principalmente mulheres -- a abordagem da abstinência", afirmou.
"Por outro lado, todas as evidências sugerem que as camisinhas têm um papel importantíssimo, se usadas frequentemente e corretamente, na redução da disseminação do HIV, e se as pessoas que não estão infectadas forem monógamas, também sabemos que funciona."
"Essa discussão atrapalha porque muitas vezes ocorre sem evidências. Precisamos nos basear o máximo possível em evidências e observar os estudos para ver o que faz mais diferença para salvar a vida das pessoas", afirmou.