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A AIDS NA ÀFRICA:

08/07/2004 - Reuters

Mulheres são as maiores vítimas

As mulheres da África subsaariana são "o rosto da epidemia" de Aids na região mais atingida pela doença no mundo, disse na terça-feira um especialista da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Mulheres jovens e as adolescentes estão entre duas a quatro vezes mais propensas a serem contaminadas pelo vírus HIV do que os garotos ou os homens da mesma idade", afirmou Peter Piot, diretor-executivo da Unaids, a agência da ONU para a epidemia.
Em um relatório divulgado na terça-feira, antes do início da 15a Conferência Internacional sobre Aids, em Bangcoc (Tailândia), a entidade mundial disse que, apesar de na África subsaariana viverem apenas 10 por cento da população mundial, a região respondia por 75 por cento dos casos de Aids do planeta.
Desses doentes, 57 por cento eram mulheres, acrescentou.
"Hoje podemos afirmar com segurança que o rosto da epidemia é o rosto de uma mulher africana", disse Piot à Reuters.
As mulheres africanas estão sendo contaminadas cada vez mais jovens por homens mais velhos. Em média, há 13 mulheres com o vírus para cada dez homens na região.
Apesar de as mulheres e as meninas serem mais vulneráveis do ponto de vista biológica à contaminação, o relatório aponta como principal problema o status das mulheres na África subsaariana, onde a primeira relação sexual é com frequência não-consentida e praticada com um homem mais velho.
"Enquanto houver homens de 30 e 40 anos mantendo relações sexuais com meninas de 15, o perigo continuará sendo grande. As meninas geralmente não apresentam o vírus ainda, mas os homens, com frequência, já. É assim que elas são contaminadas", afirmou.
No Quênia e no Mali, há 45 mulheres jovens contaminadas pelo HIV para cada dez homens jovens contaminados pelo vírus.
Em 2003, cerca de 3 milhões de pessoas na África subsaariana foram infectadas pelo HIV e 2,2 milhões morreram.