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EUA desaprovam a indicação de brasileiro
28/05/2003 - A TARDE (BA)
EUA reagem de forma negativa à indicação de Paulo Teixeira na OMS
GENEBRA – A indicação do especialista brasileiro Paulo Teixeira para formular a nova política de Aids da Organização Mundial da Saúde (OMS) provoca reação negativa da Casa Branca.
Segundo altos funcionários da agência de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU), o governo dos Estados Unidos já deixou claro ao diretor eleito da OMS, Jong Wook Lee, que não ficou satisfeito com a escolha do brasileiro. O governo dos EUA pretende indicar um de seus funcionários para integrar a nova equipe de Aids da OMS.
Teixeira foi indicado na semana passada para ocupar o cargo na OMS. O objetivo é levar a experiência brasileira de tratamento da Aids e distribuição gratuita de remédios para outras regiões do mundo. A política incluiria garantir remédios baratos aos governos mais pobres e atender três milhões de pessoas, principalmente na África.
RECEIO – Os Estados Unidos temem que essa iniciativa inclua a pressão da Organização Mundial da Saúde para que as empresas multinacionais garantam remédios a preços mais baixos ou por maior atenção ao desenvolvimento de empresas produtoras de remédios genéricos.
Além disso, o temor é que os governos se sintam fortalecidos para quebrar patentes de remédios de empresas multinacionais que não cumprissem a determinação de baixar seus preços.
Assessores diretos do presidente George W. Bush afirmaram que “Paulo Teixeira e o governo dos Estados Unidos têm visões diferentes do mundo”.
Segundo um diplomata, o governo americano também quer dar assistência aos pacientes em países em desenvolvimento, mas não por meio do fortalecimento de empresas que produziriam genéricos.
– A OMS não é especializada na área industrial. Acreditamos que a melhor forma de garantir o tratamento é fortalecendo os sistemas de saúde – afirmou o representante da Casa Branca.
A DEGOLA DE BUSTANI – Também o embaixador brasileiro Maurício Bustani, que dirigia a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq), organismo das Nações Unidas com sede em Haia, ganhou espaço no noticiário internacional em março de 2002 porque esteve sob o fogo cerrado dos Estados Unidos.
Bustani foi eleito o primeiro diretor-geral da Opaq, em 1997, e teve o mandato renovado, em maio de 2000.
Como diplomata, é considerado sui generis por fazer apenas o que deve e deixar de fazer o que não deve. E foi por isso que o governo de George W. Bush decidiu que o embaixador deveria renunciar ao comando da Opaq.
Para a Casa Branca, depois dos atentados de 11 de setembro, Bustani tornara-se um diplomata incômodo por dois motivos: estar menos preocupado em proteger o bom emprego do que defender a Opaq da pressão para que virasse uma agência do Departamento de Estado americano.
Assim ele não avalizou a intenção dos EUA de atacar Saddam Hussein sob o pretexto de que o Iraque mantinha um arsenal de armas químicas. Ele afirmava que o Iraque não tinha condições de possuir o arsenal e, pelo contrário, pediu a inclusão do próprio Iraque na Opaq.
A irritação americana com a independência e a retidão do embaixador brasileiro culminou com a exigência de Bush para que ele deixasse a organização, o que ocorreu em abril de 2002.