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OS IDOSOS E A AIDS NO BRASIL
07/03/2004 - Jornal do Brasil
Aumentam os casos de Aids entre idosos
A Aids está longe de atingir apenas os jovens. A doença vem sendo registrada de forma surpreendente entre os idosos. Segundo dados do Ministério da Saúde, 2% da população acima de 60 anos são portadores do vírus HIV, o que significa que 5.500 idosos têm a doença. Só em Belo Horizonte, 3% da população têm o vírus, número acima da média nacional.
A assessora da unidade de preservação do programa da Aids do Ministério da Saúde, Vera Da Ros, atribui esse número a dois fatores. Primeiro, à nova geração de idosos que têm recursos para prolongar a qualidade de vida, o que conseqüentemente prolonga também a vida sexual. O segundo fator é que ainda existe o tabu de se falar sobre a sexualidade na terceira idade. Para a assessora, é justamente aí que mora o perigo, pois, comprovadamente, os casos de infecção de Aids nessa faixa etária são sempre por contaminação sexual, e na maioria das vezes entre heterossexuais.
Vera Da Ros afirma que o idoso nessa faixa etária ainda está ligado à família, mas a falta de aceitação por parte dos familiares e dos próprios médicos de que ele ainda está ativo sexualmente causa muitos estragos.
- Isso traz graves conseqüências, porque a prevenção só vai existirá se os familiares e os profissionais de saúde estiverem atentos. É importante que ao receber um idoso no consultório ou no posto de saúde, mesmo que seja apenas para medir a pressão arterial, o profissinal o alerte sobre a importância da prevenção, da mesma forma que se fala ao adolescente.
Preocupado com as estatísticas, além da política nacional do Idoso, o Ministério da Saúde está voltando os olhos para esse seguimento social. Voltou a aplicar o Programa Nacional de Combate a Aids e das Doenças Sexualmente Transmissíveis. Para o Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria no Distrito Federal, Dr. Renato Maia, o crescente número de notificações de Aids entre os idosos é uma combinação de fatores.
- O maior deles é a falta de identificação com as campanhas de orientação e prevenção da Aids, que têm sempre como foco o jovem. Assim, o idoso não se identifica como um doente em potencial.
Maia concorda com o Ministério da Saúde sobre a importância do fator cultural:
- O homem mais velho tem mais dificuldade de aceitar o preservativo, porque ele associa isso à sua juventude, quando não se usava muito a camisinha.
Um outro fator, segundo Maia, é que o homem idoso só tem ereção parcial, o que dificulta a colocação do preservativo. Além disso, há o fator comportamental.
- O homem mais velho sempre busca uma mulher jovem que, na maioria das vezes, acaba sendo uma prostituta.
Hoje, o homem idoso tem acesso a medicamentos como o Viagra, que fazem dele vítimas potenciais de doenças sexualmente transmissíveis. Por isso, Maia defende uma maior atenção à sexualidade do idoso.
- Os médicos que lidam com o idoso devem ficar atentos, porque uma das manifestações de Aids na velhice é o quadro de demência e muitos não desenvolvem o quadro clássico.
Agência Brasil