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A AIDS NOS PAÍSES AFRICANOS

06/03/2004 - Reuters

ONU diz que África deve mostrar como gasta doação contra Aids

Os países africanos precisam mostrar como gastaram os milhões de dólares que receberam em doações para o combate à Aids se quiserem mais financiamento, disse o chefe da Unaids na quinta-feira.
Peter Piot, que comanda a agência da ONU (Organização das Nações Unidas) responsável pelo combate à Aids, afirmou à Reuters que os doadores só abrirão suas carteiras se tiverem certeza de que seus dólares estão chegando a quem precisa.
Piot deu a declaração durante uma conferência com ministros da Educação e da Saúde africanos sobre como acelerar a luta contra a Aids. Acredita-se que 26,6 milhões de pessoas na África subsaariana estejam infectadas. Livingstone, uma cidade zambiana frequentada tanto por turistas como por prostitutas, tem a maior prevalência de Aids no país. Um em cada cinco zambianos tem o vírus causador da Aids. A Zâmbia tem 10 milhões de habitantes.
Entidades doadoras e ativistas do combate à Aids reclamam que não conseguem ver a maior parte do dinheiro enviado por programas internacionais em cidades tão afetadas como Livingstone. Uma boa parcela é usada para pagar salários, em vez de comprar remédios ou financiar programas assistenciais.
Piot disse que a Unaids, a OMS (Organização Mundial da Saúde) e outras agências globais estão trabalhando para melhorar a imagem da África nos países ricos, a fim de atrair mais doações, e que lutam para aumentar o acesso ao tratamento, com remédios a baixo preço.
Pelo projeto da OMS, número de pessoas que recebem drogas anti-retrovirais subiria de 35 mil pessoas, em 2003, para 100 mil em 2004, afirmou Piot. Essa iniciativa é parte da campanha que visa a fornecer remédios contra a Aids de graça a 3 milhões de pessoas no mundo até 2005, disseram representantes da OMS.
"É uma gota no oceano, mas é um início", disse Piot. Ele afirmou que a Aids incentiva o crime porque coloca um exército de órfãos nas ruas todos os dias.
Segundo o diretor-assistente da OMS Joy Phumaphi, ainda faltam 3,2 bilhões de dólares para totalizar os 5,5 bilhões de que a entidade precisa para enviar drogas anti-retrovirais às regiões mais pobres do mundo.
O presidente da Zâmbia, Levy Mwanawasa, disse durante a reunião que a Aids reduziu o crescimento econômico da região, e afirmou que 40 por cento dos professores do país estão infectados, o que ameaça todo o sistema de educação.