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POUCOS NA CHINA SABEM QUE PODEM TER AIDS
03/03/2004 - Reuters
Apenas 10 por cento dos chineses sabem que estão contaminados
Apenas 10 por cento dos cerca de 1 milhão de chineses contaminados pela Aids sabem que estão com o vírus. Essa falta de consciência aumenta as dificuldades no combate à epidemia, afirmaram especialistas norte-americanos na terça-feira.
A China está entre os três países fora do continente africano com maiores riscos de serem atingidos por uma grande epidemia da doença. Segundo autoridades da área de saúde, o país pode chegar a ter 10 milhões de portadores do vírus HIV até 2010 se não fizer um combate rigoroso da doença. Os outros dois países são a Rússia e a Índia.
"Cerca de 90 por cento dos doentes da China não sabem que estão infectados", afirmou Ray Yip, chefe dos Centros de Controle de Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, durante o lançamento do Programa Global de Aids, em Pequim.
"Cada dia que os portadores do HIV passam sem saber de sua condição é mais um dia em que podem disseminar o vírus", disse o cientista.
Segundo as autoridades, há entre 840 mil e 1 milhão de pessoas na China com o vírus da Aids. O país, o mais populoso do mundo, possui 1,3 bilhão de habitantes.
O embaixador norte-americano Clark Randt disse que se o governo chinês agir prontamente, ainda tem chances de evitar uma epidemia de proporções catastróficas para o país.
"Uma catástrofe só pode ser evitada se a China reagir agora, de forma urgente, com recursos suficientes para deter essa onda mortal", afirmou Randt no lançamento do programa.
Muitas pessoas envolvidas no combate à Aids acreditam que o número real de doentes no território chinês é maior que as cifras divulgadas pelo governo e que somente na província de Henan há mais de 1 milhão de pessoas infectadas devido a um recente esquema de venda de sangue.
A China tem sido criticada mundialmente por tentar disfarçar a dimensão real da epidemia de Aids no país, recusando-se a tratar dos doentes de forma adequada e prendendo ativistas e jornalistas. Grupos de ativistas dizem que o Programa Global não será capaz de garantir que a ajuda está sendo bem gasta.
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos deu ao Programa 15 milhões de dólares, durante cinco anos, para tratar os doentes chineses.