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A IMPORTÂNCIA DA DOAÇÃO DE SANGUE

02/03/2004 - Diário do Grande ABC

Estoque de sangue cai cerca de 10%

Após o Carnaval, o nível dos estoques dos bancos de sangue da região caíram, em média, 10%. A situação só não é mais crítica porque, semanas antes do início da folia, houve aumento nos índices de doação. Hospitais particulares promoveram campanhas junto a empresas da região para captar doadores entre seus funcionários. Em centros estaduais como os hospitais Mário Covas, em Santo André, e Anchieta, em São Bernardo, doadores freqüentes também foram convocados para reforçarem os estoques.
Outra medida tomada para evitar o esgotamento dos bancos de sangue da região foi o cancelamento de cirurgias agendadas. Durante o Carnaval, a maioria dos hospitais realizou apenas procedimentos de emergência. “Nessa época, é comum o aumento do número de acidentes de trânsito com vítima, por exemplo, que exigem intervenção cirúrgica imediata”, afirmou o médico Jamil El Chimi, responsável pelo centro de hemoterapia do Hospital São Bernardo.
Em contrapartida, se a demanda aumentou, o número de doadores durante a época de folia caiu de forma considerável. “Muitas pessoas que nos procuram são rejeitadas no processo de triagem, que antecede a doação de sangue”, comentou o médico Elísio Joji Sekiya, que coordena o banco de sangue do Hospital Brasil. Um dos principais empecilhos, segundo Sekiya, são as noites mal dormidas e o consumo de bebidas alcoólicas durante a festa.
Para ser um doador, é proibido o consumo de álcool por pelo menos seis horas antes da retirada do sangue. Além disso, a pessoa também deve ter entre 18 e 65 anos, pesar mais de 50 Kg, não ter feito tatuagem nos últimos 12 meses, não ter recebido transfusão de sangue nos últimos anos e não ser usuário de drogas injetáveis ou portador de hepatite ou do vírus da Aids.
“Esses cuidados são necessários para evitar a coleta de sangue contaminado”, explicou o médico Alexandre Szulman, responsável pelo banco de sangue do Hospital Estadual Mário Covas. Ali, o estoque de bolsas gira em torno de 350 unidades, suficiente para suprir a demanda de transfusões do centro por pelo menos dez dias.
“Acredito que a situação esteja normalizada a partir da próxima semana, quando os doadores voltam a nos procurar”, afirmou Szulman. Segundo o médico, a baixa dos estoques também se repete em outras datas comemorativas, como Natal e Ano Novo, por exemplo.
Contrariando esse histórico, a dona de casa Sonia de Mello Zuk, 44 anos, foi ao Hospital Mário Covas na tarde desta sexta fazer sua doação. O gesto quebrou um jejum de quatro anos. “Tinha medo da agulha”, confessou. “Só agora me dei conta que não dói nada doar sangue. Pretendo me tornar uma doadora assídua a partir de hoje.”