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DETECTANDO VÍRUS MAIS CEDO

01/03/2004 - www.saude.gov.br

Barreira contra Aids e Hepatite C

Um exame que oferece mais garantias para a qualidade das doações de sangue e que aumenta a segurança para o receptor. O teste de amplificação e detecção de ácidos nucléicos (NAT) tem como mérito a redução sensível da janela imunológica. Esse é o período em que uma pessoa contrai um vírus, como o da Aids (HIV) e o da hepatite C (HCV), e os exames não conseguem revelar que ela está infectada. O Ministério da Saúde está dando um passo importante para implantar o NAT no Brasil. Ainda este semestre, o governo inicia uma série de ações para viabilizar o teste.
O NAT é mais eficaz que o Elisa, exame usual no País. Ele detecta seqüências genéticas dos vírus e consegue identificar a presença do microorganismo em menos tempo. O Elisa descobre o vírus no corpo humano por meio dos anticorpos produzidos para a defesa. É necessária grande quantidade de anticorpos no corpo humano para que o vírus seja detectado.
“A implantação progressiva do NAT pelo Ministério da Saúde, com base em estudos que levam em conta as especificidades de nosso país, visa incorporar criticamente novas tecnologias. Com isso, continuaremos a garantir a qualidade do sangue, em um sistema público que é motivo de orgulho”, afirma Arthur Chioro, diretor do Departamento de Atenção Especializada (DAE) do Ministério da Saúde.
Antes de pôr o NAT em prática, o ministério realizará estudos em alguns hemocentros da rede. Esse trabalho servirá como análise das realidades epidemiológicas regionais, dos custos e da efetividade das ações. Segundo o ministério, o estudo mostrará a distribuição social da Aids e da hepatite C. De acordo com a equipe do DAE, “esse perfil não é uniforme; varia de Norte a Sul do País”.
O Ministério da Saúde determinou que a implantação do NAT aconteça de forma gradual. Portaria assinada pelo ministro da Saúde, Humberto Costa, diz que a primeira etapa se restringirá aos Serviços de Hemoterapia públicos. Segundo essa portaria, o governo pretende investir na capacitação de profissionais para realizar os exames e também em um sistema informatizado com capacidade de armazenamento e processamento de dados. A coordenação da implantação do NAT caberá aos gestores estaduais do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme a portaria.

Sistema de coleta de sangue no país é bastante rigoroso

Hoje o Brasil apresenta níveis mínimos de contaminação de sangue. Isso é resultado de uma série de ações desenvolvidas nos últimos anos pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como o aperfeiçoamento dos exames e das técnicas de doação e a conscientização da população.
Antes de doar sangue em um hemocentro, a pessoa é submetida a um questionário. Caso tenha apresentado algum comportamento de risco, como manter relações sexuais sem camisinha ou ser usuário de drogas, essa pessoa é descartada como doadora.
Se o doador preenche as condições exigidas, seu sangue é coletado. O material passa por testes, que verificam se ele não possui nenhuma doença transmissível. Descartam-se cerca de 8,5% do sangue coletado no país por ano, conforme dados da Anvisa.
O País conta com quase 2,5 mil serviços de hemoterapia. Desses, dois mil realizam transfusão de sangue. Ao todo, 500 coletam sangue e 250 fazem triagem laboratorial para verificar a qualidade do sangue. Oitenta por cento do sangue coletado no País vêm das capitais.
Segundo a Anvisa, a demanda por doações de sangue no Brasil varia conforme o perfil epidemiológico da população da cidade, estado ou região e a oferta dos serviços de saúde.
Normalmente, grandes cidades – onde a violência é maior e se realizam procedimentos de alta complexidade, como transplantes e cirurgias cardíacas – exigem mais dos serviços de hemoterapia.