Notícias

MULHER E AIDS

03/02/2004 - TRIBUNDA DA IMPRENSA (RJ)

Prevenção de Aids em mulheres está fracassando, diz Unicef

Os esforços nos trabalhos de prevenção da Aids em mulheres e meninas estão fracassando, segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A entidade lançou ontem uma campanha para a conscientização das mulheres no contágio do vírus HIV.

Segundo os dados da organização, o número de mulheres africanas infectadas com o vírus HIV é duas vezes mais alto do que o de homens contaminados. A falta de informação é o maior problema: 80% das mulheres jovens de países com altos índices de contaminação não têm conhecimentos sobre a doença.

Segundo a Organização das Nações Unidos (ONU), o vírus HIV infecta um jovem a cada 14 segundos. Segundo os dados da organização, o número de mulheres africanas infectadas com o vírus HIV é duas vezes mais alto do que o de homens contaminados.

A diretora executiva da Unicef, Carol Bellamy, disse que é necessário buscar mais métodos de prevenção da Aids entre o público feminino. Bellamy afirma que, em muitos lugares, as mulheres sofrem por causa da desigualdade nos relacionamentos com os homens e pelo fato de se sentirem incapazes de negar relações sexuais

Campanha

A "Coalizão Global de Mulheres e Aids" foi apresentada ontem, em Londres como uma iniciativa inovadora para ajudar as mulheres a combater a Aids. A atriz britânica Emma Thompson, embaixadora da organização ActionAid, é uma das integrantes do comitê coordenador desta coalizão, que reúne ativistas de muitos países e de todas as religiões e culturas.

Além de Thompson, fazem parte da coalizão Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda e comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos de 1997 a 2002, Peter Piot, diretor da Unaids, a agência das Nações Unidas para a Aids, e a coordenadora da ActionAid no Quênia, Ludfine Anyango.

Anyango, que contraiu a doença há oito anos, assegurou que esta coalizão não é outro experimento burocrático mas é "flexível e traz esperança". A campanha será centrada na mulher porque é uma vítima vulnerável, já que muitas vezes é contagiada por seu parceiro sem que possa fazer nada para evitá-lo.

"Todos os homens que quiserem colaborar serão bem-vindos", esclareceu Piot, ressaltando, no entanto, que a prioridade é a mulher.

A coalizão destacou que há a necessidade urgente de promover métodos de prevenção, como os preservativos femininos ou os germicidas. Além disso, "é preciso educar tanto mulheres como homens sobre seu papel na relação, para erradicar o machismo", disse Piot.

Segundo Emma Thompson, o problema da Aids tem um contexto político claro: "as diferenças entre países ricos e pobres".

"Muita gente não sabe o que é ser pobre, ter Aids e não ter água corrente", denunciou a atriz, que viajou para Moçambique e Uganda para verificar a situação no local.

Mary Robinson destacou que a coalizão quer coordenar todas as mulheres com cargos em empresas e em governos para que tomem medidas contra a Aids.

Por exemplo, se quer conseguir que os parlamentos em todo o mundo reconheçam os direitos de herança das mulheres, para que não fiquem sem nada quando seus maridos morrem de Aids, e também que promulguem leis contra os maus-tratos.

"Definitivamente, trata-se de oferecer recursos às mulheres para que tenham jurisdição sobre seu corpo", afirmou Emma Thompson.