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PRESERVATIVOS NO BRASIL

02/01/2004 - O Estado de Sâo Paulo

Acre vai produzir latéx especial para camisinhas

Xapuri, no Acre, entrará no mapa mundial como único produtor de látex natural para a fabricação de preservativos masculinos. Um projeto dos Ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia, do governo do Estado do Acre e a parceria de seringueiros locais, desenvolveu tecnologia para extração do látex destinado ao fim específico e avaliou a matéria-prima.

O desenho da fábrica de preservativos e de uma central de centrifugação do látex será finalizado ao longo de 2004, a construção está prevista para o primeiro semestre de 2005, e o início da produção anual de 95 milhões de camisinhas está previsto para meados do mesmo ano. Um lote-piloto, de 36.620 unidades, demandou 2.469 litros de látex.

"Serão necessárias obras de infra-estrutura, extra-instalações industriais, como vias de acesso aos seringais", demarca a assessora técnica da divisão DST/Aids do Ministério da Saúde, Kátia Souto. A produção atenderá a quase um sexto da distribuição gratuita de preservativos feita pelo governo, estimada em 600 milhões de unidades (50 milhões são compras de municípios e estados) , para o próximo ano.

Kátia Souto sublinha que a nova produção será usada como reserva técnica, para suprir a demanda quando as remessas do exterior atrasam. Para cobrir a demanda total das classes C, D e E, que segundo o governo federal não têm poder aquisitivo para esse tipo de consumo e cuidado essencial, seriam necessárias 1,2 bilhão de unidades por ano.

O governo brasileiro tem opção de compra de três indústrias locais e outras internacionais. Todas elas utilizam látex natural, geralmente extraído em países asiáticos, como Malásia. Este ano, o governo federal adquiriu 300 milhões de preservativos para distribuição gratuita, e em 2004 serão 400 milhões, já em licitação internacional. Outras 150 milhões de unidades serão compradas para atender ao programa de prevenção de doenças sexuais e de gravidez indesejada nas escolas públicas de segundo grau, a pa rtir de março.

Para cobrir a demanda total das classes C, D e E, que segundo o governo federal não têm poder aquisitivo para esse tipo de consumo e cuidado essencial, seriam necessárias 1,2 bilhão de unidades por ano. O governo brasileiro tem opção de compra de três indústrias locais e outras internacionais. Todas elas utilizam látex natural, geralmente extraído em países asiáticos, como Malásia.

"Lá, as florestas são plantadas. Nativa, só a brasileira", assinala a técnica. Ela diz que há diferenças entre os dois tipos de látex, em termos de resistência, textura, elasticidade, coloração e outras características. Por isso, o governo brasileiro contratará uma consultoria para avaliar qual o melhor tipo de tecnologia para a produção dos preservativos com o látex local, trabalho que será realizado entre janeiro e março de 2004.

A escolha de Xapuri como local para a implantação da fábrica, cujo investimento não foi revelado e na qual só o Ministério da Saúde aportará R$ 400 milhões, deve-se à proximidade com os seringueiros e ao objetivo do governo de desenvolver a Região Norte do País. Só na floresta amazônica acreana há 70 mil seringueiras, todas nativas. "Há ociosidade de mão-de-obra após a coleta da castanha, e olátex até hoje era usado apenas para a produção de pneus", considera Kátia Souto.

Outro motivo que leva a primeira fábrica pública de preservativos do Brasil a Xapuri, é a proximidade de países fronteiriços que hoje importam camisinhas de outros continentes. Nesse caso, o Brasil poderá auxiliá-los, cumprindo a própria política de prevenção da disseminação de doenças sexualmente transmissíveis e Aids.