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SEM ALARDE NEM PRECONCEITO
01/01/2004 - Correio Braziliense
A redução de danos no Distrito Federal
Sem alarde e com cautela, há cinco anos a Secretaria de Saúde do Distrito Federal distribui mais de 600 seringas e agulhas por mês. A distribuição é feita nas madrugadas e manhãs em localidades como o Plano Piloto, Taguatinga, Cruzeiro e Ceilândia. Em média, 300 usuários de drogas são atendidos mensalmente. Esse número pode aumentar ou diminuir, dependendo da quantidade de turistas usuários de drogas na cidade.
A gerente do Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e Aids do DF, Josenilda Gonçalves, afirma que o trabalho precisa ser discreto, sem divulgação prévia dos locais de distribuição, para evitar que a clientela se assuste. O objetivo é atingir o máximo possível de usuários, visando à diminuição das doenças, e estimulando a consciência, afirma ela.
Apesar da implementação do trabalho desde 1999, ainda não existe uma lei específica do Distrito Federal para regulamentar a ação. No entanto, é possível desenvolvê-lo como um projeto associado ao Programa de Redução de Danos da Secretaria de Saúde. Para pôr em prática a ação, a secretaria se uniu às polícias civil e militar e a organizações não-governamentais.
O Governo do Distrito Federal (GDF) ainda não concluiu o levantamento sobre os resultados obtidos com a execução do programa, mas Josenilda Gonçalves é otimista em relação aos dados positivos. Na opinião dela, o usuário adquire mais autoconfiança e resgata o sentido da cidadania quando inserido no projeto.
Os críticos da distribuição de seringas e agulhas em geral são os mesmos que resistiam à doação de preservativos, define a gerente do programa no Distrito Federal. Não nos interessa a orientação sexual ou o comportamento privado de quem nos procura. Não há um olhar sob a ótica do preconceito, diz Joneilda.