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O USO DA CAMISINHA
10/12/2003 - O GLOBO
Igreja Católica reafirma posição contrária à camisinha
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou na noite de ontem uma nota reafirmando a posição da Igreja Católica contra o uso de camisinhas como forma de prevenção da Aids. Em carta divulgada na segunda-feira, o Programa Nacional de Aids do Ministério da Saúde criticou a posição da Igreja, dizendo que ela está errada ao insistir que o preservativo não protege, e pode estar cometendo mais um crime contra a Humanidade.
replica watches Em texto de duas páginas, assinado pelo presidente da CNBB, dom Geraldo Majella, o vice-presidente, dom Antonio de Queirós, e o secretário-geral, dom Odilo Scherer, os bispos declaram que a Igreja não é contra o uso da camisinha apenas por questões dogmáticas, mas também educativas e pedagógicas.
No texto, a CNBB destaca que considera honesto, em relação aos usuários, avisar que os preservativos não são 100% seguros. E frisa que existem outros métodos eficazes para evitar a transmissão da Aids e de outras doenças sexualmente transmissíveis.
Na nota, os bispos voltam, mais uma vez, a criticar o programa do governo federal que distribuirá camisinhas em escolas públicas. A CNBB considera o projeto contrário aos princípios educativos e diz que ajudaria a formar adolescentes com uma visão distorcida da sexualidade.
De acordo com a CNBB, a Igreja não tenta impor seus argumentos, mas também não aceita a demonização preconceituosa de suas convicções e a imposição, à sociedade, de um pensamento oficial e único sobre a matéria em questão.
O texto ressalta ainda o trabalho desenvolvido pela Igreja na prevenção (da doença), acolhimento, tratamento e assistência a pessoas afetadas pelo vírus da Aids e na superação de preconceitos diversos em relação a essas pessoas.
Igreja defende abstinência sexual e fidelidade
A Igreja Católica defende a abstinência sexual e a fidelidade como formas de evitar a contaminação pelo vírus HIV, causador da Aids. A posição é criticada em todo mundo e considerada hoje ultrapassada. No entanto, faz parte dos dogmas da Igreja, contrários a qualquer forma de evitar a gravidez.
A nota de ontem foi uma resposta da Igreja à carta aberta do Programa Nacional de Aids enviada a ONGs que produziram o vídeo Pecado é não usar e repassada ao Ministério Público do Rio de Janeiro. O cardeal-arcebispo do Rio, dom Eusébio Sheid, havia entrado com um pedido de proibição da exibição do vídeo, em que as ONGs criticam a posição da Igreja.
Ontem, o ministro da Saúde, Humberto Costa, preferiu não comentar o caso. A nota do Programa de Aids não passou antes pelas mãos de Costa. Ontem, a avaliação no ministério era de que o tom havia sido desnecessariamente pesado, especialmente porque o ministério não tem deixado de responder aos argumentos da Igreja sempre que o assunto é levantado.
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TRIBUNA DA IMPRENSA (RJ)- 10/12/2003
CNBB critica indicação de camisinha como única defesa contra a Aids
A Igreja Católica não pretende interferir nas políticas de saúde pública do governo, mas considera que não é "moralmente correto" apresentar o preservativo como se fosse o único meio para evitar a infecção pelo HIV e sem mencionar à população que ele pode apresentar falhas.
Foi assim que o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Odilo Pedro Scherer definiu ontem a posição da instituição religiosa na polêmica com o Programa Nacional de Aids.
"Não queremos ficar discutindo a eficácia dos preservativos, mas seria mais honesto dizer que ele não é 100% seguro, como já disse a Organização Mundial da Saúde (OMS)", explicou. Segundo o bispo, que atua como auxiliar do cardeal d. Cláudio Hummes, na Arquidiocese de São Paulo, a direção da CNBB está convicta de que não se deve tratar o assunto apenas como uma questão de controle técnico da epidemia.
"Existe um aspecto comportamental que também deve ser levado em consideração. Estamos falando da necessidade de discutir um comportamento responsável, dentro de princípios éticos. Querer ocultar isso nos programas de prevenção é deixar de lado um aspecto muito importante, como se tudo se resumisse a usar ou não o preservativo."
A Assessoria de Imprensa da CNBB redistribuiu ontem pronunciamentos anteriores da instituição sobre o assunto. Um deles foi a nota da direção da organização a respeito do programa de distribuição de preservativos nas escolas, lançado em agosto pelo governo.
Depois de insistir que eles não oferecem garantia total, dizia que seria melhor desenvolver campanhas para que os jovens "tenham um estilo de vida saudável, comportamentos pautados nos valores humano", uma vez que "a vida sexual não pode ser banalizada".
Roleta russa
Também foi distribuído texto assinado pelo bispo Rafael Llano Cifuentes, presidente da Comissão Família e Vida da CNBB, que comparou o uso do preservativo à roleta russa, uma vez que ele teria 10% de possibilidade de falhar na prevenção da infecção.