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Remédio para Aids de Curitiba na África
21/05/2003 - GAZETA MERCANTIL
Laboratório de Curitiba fabricará na África remédio contra a Aids
Curitiba, 21 de Maio de 2003 - O Canova, medicamento homeopático produzido no Brasil para tratamento de portadores do vírus HIV, começará a ser fabricado em Botswana dentro de 60 dias. O acordo foi firmado ontem entre a Canova do Brasil, laboratório curitibano que detém a patente do medicamento no País, e a Botshelo Investment Holdings, do grupo Sunnydale Investment T/A, criada especialmente para a produção do Canova no país africano.
O diretor da Canova do Brasil, Roberto Piraino, explica que o acordo prevê a transferência da tecnologia e de profissionais de Curitiba a Botwsana. Uma equipe ficará responsável pela produção do medicamento na África, numa escala inicial de dez mil frascos por mês. A expectativa é que a produção seja incrementada, de modo que se atinja um universo maior de portadores do HIV. Botswana é o país de maior incidência de Aids no mundo. São 320 mil pessoas infectadas que não dispõem de nenhum tratamento. Desde 1985, quando o vírus foi identificado no país, já morreram 138 mil pessoas e a estimativa é de que mais de uma em cada três habitantes estejam contaminadas.
A produção inicial será destinada ao tratamento de 100 pacientes num período de três meses. Galley Senai, diretor da Botshelo, explica que nesse período a empresa fará as adequações necessárias para o aumento da produção, que poderá futuramente ser comprada pelo próprio governo de Botwsana. "Isso dependerá dos resultados obtidos com o Canova num período pré-determinado de seis meses."
O Canova foi desenvolvido há seis anos pelo laboratório curitibano e hoje é distribuído para cerca de oito mil portadores de HIV em todo o Brasil. O médico Everson Alberge, que acompanhou o desenvolvimento do produto, explica que ele é resultado de uma combinação de componentes naturais que, ao contrário dos tratamentos convencionais, não atua sobre o vírus, mas no fortalecimento do organismo do paciente. "Suas principais vantagens são a diminuição das infecções oportunistas e o fato de não possuir toxidade e nem provocar efeitos colaterais."
O tratamento com o Canova é cerca de 70% mais barato do que os tratamentos convencionais, que usam em sua maioria medicamentos importados. Alberge conta que o País gasta US$ 160 milhões por ano com a importação de medicamentos, que são utilizados por 119,5 mil pacientes - 60% dos tratamentos no Brasil são feitos com importados e o restante, com genéricos produzidos no país.
A produção do Canova no País varia de acordo com a demanda, mas gira em torno de oito mil doses por mês - segundo Piraino, produzidas quase que artesanalmente. O laboratório investiu R$ 3 milhões nos últimos seis anos em pesquisas e na construção de um laboratório que permitirá a produção em escala industrial do medicamento, que poderá barateá-lo ainda mais. "Estamos prontos para iniciar uma produção maior, só depende do Ministério da Saúde."
Botswana sai na frente neste sentido, já que a estrutura que será montada no país permitirá a industrialização da produção. Com isso, explica Piraino, o medicamento será comercializado a preços 30% a 40% mais baratos do que no Brasil. O ingresso do Canova em Botswana abre um grande mercado para ambos os laboratórios. O país fica na região Sul do continente africano, que concentra alguns dos países com maior incidência de Aids. A África do Sul, por exemplo, tem seis milhões de infectados pelo HIV - o maior número do mundo. "Durante a fase inicial, os esforços se concentrarão em Botswana, mas certamente o Canova será levado aos países vizinhos", comenta Piraino.