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"COQUETEL DO DIA SEGUINTE"
03/12/2012 - UOL SAÃDE
Estratégia é pouco difundida no paÃs
"Coquetel do dia seguinte" pode evitar infecção pelo HIV, mas estratégia é pouco difundida no paÃs
Um tratamento disponÃvel em serviços de atendimento especializado e em emergências de hospitais públicos de todo o paÃs pode evitar a infecção pelo HIV em pessoas que passaram por algum tipo de situação de risco â como sexo desprotegido ou rompimento do preservativo.
A chamada profilaxia pós-exposição, também conhecida como coquetel do dia seguinte, tem como base uma combinação de três medicamentos antirretrovirais e deve ser iniciada até 72 horas após o evento considerado de risco.
O infectologista do departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Ronaldo Hallal, lembra que, até 2010, o tratamento era indicado apenas para casos de acidente entre profissionais de saúde (quando há exposição ao vÃrus), para vÃtimas de violência sexual e para casais sorodiscordantes (quando apenas um dos parceiros é soropositivo).
Atualmente, o serviço está disponÃvel para toda a população. Segundo Hallal, é preciso passar por uma avaliação de risco, feita por um profissional de saúde, antes de iniciar o uso do coquetel, que deve ser mantido por um perÃodo de quatro semanas. Os efeitos colaterais, apesar de fracos, incluem náusea, vômitos, sensação de fraqueza e cansaço.
âO papel da profilaxia é tentar evitar que a pessoa se infecte com o HIV. Além disso, ela traz alguns outros ganhos, já que acaba atraindo as pessoas aos serviços de saúde, o que permite trabalhar também o diagnóstico, o aconselhamento e as estratégias de prevenção, de redução de risco e de vulnerabilidadeâ, explica.
O coordenador do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) no Brasil, Pedro Chequer, avalia que o coquetel do dia seguinte é uma estratégia pouco difundida no paÃs. âFalta informação. As pessoas não conhecemâ, diz. âE, nesses casos, quanto mais rápido começar o tratamento, melhor. O ideal é que seja em menos de 48 horasâ, completa.
Chequer alerta, entretanto, que a estratégia não pode se transformar em rotina e que as pessoas não podem abrir mão do preservativo. Trata-se, segundo ele, de uma medida de exceção, uma vez que não há 100% de eficácia no bloqueio ao vÃrus. âNão é uma vacinaâ, ressalta.
Dados do Unaids apontam aumento de novas infecções por HIV no Brasil entre mulheres jovens e gays jovens, sobretudo com idade entre 15 e 24 anos. Essa faixa etária, de acordo com o coordenador, precisa de uma abordagem de prevenção âcontinuada, objetiva e sem preconceitoâ, para que busquem os serviços de saúde quando houver necessidade.
âA Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) recomenda que a educação sexual seja iniciada a partir dos 5 anos. No Brasil, isso acontece a partir dos 12 anos. Essa onda conservadora e forte preocupa, já que a necessidade é cada vez maior de abordarmos temas como a diversidade sexualâ, destaca.