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TESTE DO HIV
24/06/2011 - UOL Notícias
São Paulo terá de indenizar casal por resultado errado
O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o Estado a pagar R$ 50 mil a um casal de jovens de Santa Fé do Sul (625 km de São Paulo) por causa de resultados errados de exames de HIV realizados na mulher.
Todos os testes feitos pela ajudante de cozinha Adriana Carla São Marco, 21, entre março e junho de 2009, apontaram que ela, que na época estava grávida, era soropositiva. Os exames pré-natais foram feitos num laboratório de Jales, cidade próxima de Santa Fé do Sul, conveniado ao Instituto Adolfo Lutz.
Os resultados falsos abalaram a relação do casal. Minha cliente pensava que tinha contraído o vírus do marido, e vice-versa. Sem contar os transtornos que eles sofreram em consequência disso, pois a gravidez passou a ser considerada de risco, afirmou a advogada Mayra Bertozzi Pulzatto, 33, contratada pelo casal.
De acordo com Mayra, por causa do diagnóstico errado o parto de sua cliente precisou ser antecipado, para evitar que o bebê também se contaminasse. O bebê nasceu com oito meses no Hospital de Base de Rio Preto, ficou numa incubadora e não pôde ser amamentado pela mãe, que precisou tomar remédios para secar o leite.
Adriana e o marido, Tiago Gomes Salvador, 23, só descobriram que não tinham o HIV quando fizeram exames em uma clínica particular, pouco depois do parto, por recomendação do Hospital de Base de Rio Preto. Todos os exames apontaram resultado negativo.
O relator do caso, desembargador Guerrieri Rezende, afirma no acórdão que é notório que o casal sofreu sérios abalos psicológicos. Tudo isso demonstra que o atendimento médico-hospitalar não foi adequado, já que o exame foi realizado várias vezes, com vários resultados positivos, somente dando negativo quando os autores decidiram realizar o outro laboratório particular, em Rio Preto, quando o mal já estava feito.
Adriana diz que ela e o marido pensam agora em abrir um negócio próprio com o dinheiro da indenização. Ela recebe R$ 625 por mês do restaurante onde trabalha, no centro de Santa Fé. Já o marido, que é técnico de refrigeração, ganha R$ 615. O casal mora na casa da mãe de Adriana. A filha, Ana Julia, hoje com dois anos de idade, frequenta a creche enquanto os pais trabalham.