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ABANDONAR A CAMISINHA SERIA FATAL

06/12/2010 - Der Spiegel

Diz especialista em Aids sobre nova droga

Um estudo sobre o Truvada, um medicamento combinado para prevenir a infecção por HIV, mostrou que ele aumenta a proteção em 44%. Armin Schafberger, da Organização do Serviço Alemão para a Aids, disse à Spiegel que, apesar disso, o novo medicamento não é uma alternativa para o uso da camisinha.

Um estudo recente mostrou que houve progresso na luta contra o HIV/Aids. Testes de uma combinação de dois medicamentos antirretrovirais revelaram que eles também poderiam reduzir os riscos de uma infecção por HIV antes de mais nada. O novo medicamento, Truvada, é fabricado pelo laboratório californiano Gilead Sciences e combina o tenofovir e a emtricitabina, que costumam ser usadas para tratar pessoas com HIV.

Os pesquisadores selecionaram aleatoriamente 2.500 homens homossexuais e bissexuais de vários países e deram a metade deles o remédio e à outra metade um placebo. Os resultados mostraram que aqueles que tomaram o medicamento tiveram uma taxa de infecção por HIV 44% menor do que os que tomaram o placebo. Os participantes que tomaram o remédio regularmente reduziram o risco de infecção ainda mais, em até 73%.

O médico Robert Grant do Instituto Gladstone e da Universidade da Califórnia, San Franciso, que liderou o estudo, disse à Reuters que o remédio não deveria ser visto como uma alternativa ao uso da camisinha, mas como um “apoio muito poderoso”.

A “Spiegel” falou com Armin Shafberger, consultor médico do Organização do Serviço Alemão para Aids (Deutsche Aids-Hilfe), sobre sua visão do estudo.

Spiegel: Qual é a mensagem do estudo?



Armin Schafberger: De que a prevenção usando Truvada parece funcionar a princípio. Entretanto, os resultados não são tão bons quanto o esperado, como os próprios pesquisadores admitem.



Então não será possível dispensar o uso das camisinhas, mesmo no futuro?



Deixar de usar camisinha seria fatal. No momento, é totalmente incerto se será possível recomendar este método. Um efeito protetor de 44% é muito baixo.



Há situações em que faz sentido tomar um medicamento profilático?

Pode-se considerar, por exemplo, dar o remédio para mulheres entre 15 e 21 anos na África do Sul. Nessa idade, elas têm um alto risco de serem infectadas pelo HIV. Talvez a droga pudesse ser usada como uma forma de cobrir o período em que elas estão particularmente em risco. Entretanto, é muito duvidoso se elas de fato tomarão o remédio todos os dias durante um período de anos. O estudo mostrou que os detalhes fornecidos pelos participantes não eram muito confiáveis. Parte do remédio com certeza não foi tomado, mas em vez disso vendido.

O medicamento ajudará os homens que trabalham com sexo e cujos clientes costumam pedir sexo sem camisinha?

Deixar de usar a camisinha será muito problemático para eles. Não só por causa do HIV, mas também por causa de outras doenças sexualmente transmissíveis.

Quanto custará o medicamento profilático?

O medicamento é muito caro. Pelo menos nos países pobres, seria cinismo usar o medicamento dentro de uma comunidade para proteger aqueles que estão saudáveis, enquanto ao mesmo tempo não existe dinheiro para tratar as pessoas HIV positivas numa comunidade vizinha.

Tradução: Eloise De Vylder