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PELA CURA DA AIDS

21/07/2010 - Agência Aids

Co-descobridora do HIV, pede ‘foco’ nas pesquisas

Co-descobridora do HIV, Françoise Barré-Sinoussi pede em Viena ‘foco’ nas pesquisas pela cura da aids

A virologista francesa Françoise Barré-Sinoussi (foto) ganhou há dois anos o Prêmio Nobel de Medicina pelas descobertas sobre o HIV. Em 2003, ela integrou a equipe do cientista Luc Montagnier, no Instituto Pasteur na França, que isolou pela primeira vez o vírus causador da aids. Robert Gallo, dos Estados Unidos, também foi reconhecido por identificar o vírus. Sinoussi foi um dos destaques desta quarta-feira, na XVIII Conferência Internacional de Aids em Viena, não apenas pelo seu currículo, mas por coordenar uma discussão especial sobre a cura da doença que já matou cerca de 25 milhões de pessoas.

“Precisamos coordenar melhor os campos de pesquisa para a cura da aids”, afirmou. “Não gosto muito de falar a palavra ‘cura’, mas quero dizer que é preciso melhorar a coordenação mundial dos estudos que já mostraram possibilidades do HIV ser modificado dentro do organismo para que, mesmo sem medicamento, não seja nocivo”, completou.

A pesquisadora defendeu ainda uma maior pressão e envolvimento da sociedade civil neste assunto.

HIV sem efeito

Para que consiga se replicar e destruir o sistema imunológico, o HIV ataca células do corpo, prendendo-se em proteínas específicas, em particular uma molécula chamada CCR5. Algumas pessoas, portadoras de uma mutação que impede a aparição desta molécula, são mais resistentes à aids.

Segundo uma recente pesquisa publicada na revista científica Nature Biotechnology, pesquisadores da Universidade da Califórnia do Sul, nos Estados Unidos, encontraram uma maneira de introduzir células-tronco modificadas em ratos, eliminando o gene correspondente à proteína CCR5 da célula e, consequentemente, protegendo-os do efeito do HIV.

Um processo parecido ocorreu com um soropositivo com leucemia na Alemanha. Ao fazer transplante de medula óssea em 2007, ele recebeu o órgão de uma pessoa portadora de uma mutação do receptor CCR5 do vírus, presente em 1% a 3% da população europeia. Desde então, ele está sem tratamento e com a carga viral do HIV indetectavel no corpo.

ONG critica falta de investimentos em pesquisa

Segundo a organização não governamental, baseada nos Estados Unidos, Aids Policy Project, o Instituto Norte-Americano de Saúde (NIH, em inglês) investiu até hoje apenas 3% em pesquisas para a cura da aids.

São no máximo 60 milhões de dólares para essa área, enquanto as pesquisas em vacina receberam mais de 560 milhões. “Esse investimento deveria ser no mínimo 10 vezes maior”, disse Kate Krauss, da Aids Policy Project.

Nos Estados Unidos, país entre os maiores investidores em pesquisas em aids, existem 12 projetos de pesquisa para a cura da doença desde 2005. Destes, apenas três estão em processo.