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RELAÇÃO MÉDICO E PACIENTE COM HIV
20/07/2010 - Agência Aids
É ruim e atrapalha no tratamento da aids
Pesquisa mundial indica que relação entre médico e paciente com HIV é ruim e atrapalha no tratamento da aids
Estudo realizado pela Associação Internacional de Médicos no Atendimento à Aids (Iapac, na sigla em inglês), apontou que as necessidades individuais dos pacientes não são discutidas nas consultas. Foram entrevistadas cerca de duas mil pessoas vivendo com HIV e aids em 12 países, inclusive no Brasil.
O levantamento intitulado ATLIS 2010 (Pesquisa sobre Tratamentos de Longo Prazo de Aids em Âmbito Global) mostrou também que as demandas específicas dos usuários de serviços de saúde deixam de ser atendidas mesmo quando os pacientes sofrem de outros problemas crônicos, efeitos colateriais ou coinfecção. Alguns entrevistados disseram ainda que nunca discutiram com os médicos questões relacionadas ao bem-estar, como novas opções ou resultados de tratamentos.
José Zuniga, Presidente da Iapac, disse que a entidade emitiu uma convocação global para estimular o diálogo individualizado entre médico e paciente, envolvendo as necessidades pessoais e o histórico de saúde da paciente. "Ampliar as relação entre médico e paciente é crucial para a sobrevida de longo prazo e sucesso do tratamento, acredita.
Desatenção às doenças cardiovasculares
Menos de um terço dos entrevistados havia discutido o histórico de doenças cardiovasculares com os profissionais da saúde. Cerca de 65% dos pesquisados tinham alto risco para a enfermidade e, mesmo assim, não conversavam frequentemente sobre o assunto com o médico. É extremamente comum os pacientes que vivem com HIV apresentarem doenças associadas que podem ser agravadas pelo vírus ou pelos medicamentos, afirmou o professor de medicina da Universidade de Bonn, na Alemanha, e um dos coordenadores do estudo, Jürgen Rockstroh.
Brasileiros são os que mais aderem ao tratamento
A maioria dos entrevistados (87%) afirmou ter conversas significativas com o profissional da saúde sobre a importância da adesão aos medicamentos. No entanto, quase a metade (43%) admitiu ter deixado de tomar pelo menos uma dose no mês anterior, indicando que talvez não entenda o impacto sobre a saúde.
Os níveis de adesão variaram entre os diversos países, sendo que o mais elevado no ranking do estudo foi o Brasil (89%) e, em seguida, África do Sul (83%). O nível mais baixo de adesão ao tratamento é dos franceses: 34%.
Embora a maioria dos entrevistados (87%) tenha concordado que os médicos destacam a importância da adesão à terapia antirretroviral, apenas 71% citaram recomendações práticas dos profissionais da saúde de manter um nível ótimo de adesão. Os profissionais que mais orientaram os pacientes também foram os brasileiros e os africanos.
Do total de brasileiros enrevistados, 53% relataram ainda que gostariam que os médicos passassem mais tempo na consulta com eles.
Sobre a pesquisa
O estudo envolveu também Estados Unidos, Alemanha, Itália, Rússia, Espanha, Reino Unido Austrália, Coreia, Costa do Marfim e África do Sul. O projeto foi idealizado pela Iapac e regido por uma força-tarefa da ATLIS composta por líderes científicos de todo o mundo. O laboratório MSD financiou a pesquisa.