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AIDS E MERCADO DE TRABALHO

27/09/2009 - Folha de S.Paulo

Combate a preconceito deve nortear ações nas empresas


Ações de prevenção a DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e Aids ganham corpo nas empresas, auxiliadas por ONGs e conselhos. Mas, segundo especialistas, não são suficientes para combater um problema maior: a discriminação.

Aos poucos, o mundo corporativo começa a tratar o problema de forma direta, abordando relações interpessoais e derrubando mitos sobre o contágio.

"Ainda existe muito preconceito nas empresas", comenta Rodrigo de Souza Pinheiro, presidente do Fórum de ONG/ Aids do Estado de São Paulo.

Pesquisa feita pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), vinculada ao Ministério da Saúde, com 1.245 soropositivos em 2007 mostra que 42,5% afirmam ter tido perdas no trabalho por serem portadores do HIV. Desses, 20,6% perderam o emprego e 36,6% tiveram piora da situação financeira.

No Brasil, 630 mil pessoas estão infectadas pelo HIV, segundo o Ministério da Saúde.

No Gapa-SP, o número de processos movidos por discriminação contra empresas permanece o mesmo _há cerca de 300 em andamento, diz Aurea Abbade, advogada da ONG. "Acontece especialmente nas de pequeno e médio portes."

Iniciativa federal

Em 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids, o governo federal lançará uma campanha nacional contra a discriminação. Nas empresas, terá o reforço do Sesi (Serviço Social da Indústria), que já as auxilia em ações contra o preconceito, como vídeos e oficinas, para serem replicados.

A analista de negócios sociais do Sesi Marta Carvalho, acha importante focar o ambiente de trabalho. "Há quem acredite que se pega Aids no banheiro."

"É preciso trabalhar na desconstrução do mito e do preconceito", concorda Luciana Barone, assessora técnica do Sesc (Serviço Social do Comércio), que treina multiplicadores dessa discussão.

Iniciativas de prevenção à Aids devem ser incentivadas nas companhias, pontua Neusa Burbarelli, presidente do Cen Aids (Conselho Empresarial Nacional para Prevenção ao HIV/Aids), que promove anualmente um prêmio para recompensar boas práticas.

Em 2008 houve 60 inscrições; em 2009, 47. Para ela, aumento da qualidade de vida e desaceleração no crescimento de casos criam falsa impressão de que a Aids está sob controle.