Notícias

VIK MUNIZ - O BEIJO

21/09/2009 - Folha de S.Paulo

Vik Muniz reúne 1.200 para foto de campanha contra a Aids

O beijo como símbolo da proximidade e afeto. Com essa proposta, cerca de 1.200 pessoas portadoras do vírus HIV e familiares se reuniram ontem em Guarulhos (Grande SP) para um ensaio fotográfico contra o preconceito.

O trabalho é assinado pelo fotógrafo e artista plástico paulistano Vik Muniz, 48, e integra a nova campanha do Programa Nacional de Luta Contra a Aids, do Ministério da Saúde.

Jovens nascidos com HIV nos anos 80 relatam dificuldades e superações
Menina com HIV que tinha medo de tocar nas pessoas hoje está casada
Para jovem com HIV, defender-se de preconceito é um aprendizado
Jovem de 23 anos com vírus da Aids vai ao médicos sozinha desde os 11.

A proposta de Muniz era produzir um mosaico a partir de cinco fotografias que representam diferentes formas de amor. As fotos originais feitas pelo artista mostram cenas de beijo entre casais homossexuais e heterossexuais. Há também um foto com um beijo entre mãe e filho e um autorretrato do artista, uma das marcas do trabalho de Muniz, conhecido por montagens com diferentes tipos de material, como arame e açúcar.

Na segunda parte do trabalho, realizada ontem, as imagens foram estendidas por pessoas anônimas, na arquibancada de um ginásio.

Cada foto reúne 600 pessoas -era essa a expectativa inicial de participantes. De acordo com o ministério, 1.500 pessoas se inscreveram para participar do projeto pela internet e em centros de apoio a pessoas com Aids de dez cidades paulistas. O resultado do trabalho será lançado em 1º de dezembro, Dia Mundial da Luta Contra a Aids -não foram definidos os locais das exposições. Neste ano, a campanha nacional terá como tema "Não ao preconceito a pessoas com HIV e Aids".

Pesquisa realizada em 2008 pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), vinculada ao ministério, mostra que o preconceito ainda é um obstáculo para a qualidade de vida de pessoas com Aids. De 1.275 soropositivos entrevistados, 70% afirmaram ter tido alguma perda social relacionada ao HIV e 31,1% disseram se sentir discriminados pela família, por amigos ou pela comunidade. Para 42,5%, houve perdas também no trabalho.

Segundo o ministério, o país registrou 506 mil casos de Aids entre 1980 e 2008.