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PREVENÃÃO DAS DST/AIDS

18/08/2009 - Agência Aids

Ainda há muito preconceito a vencer

Prevenção das DST/aids: Ainda há muito preconceito a vencer, segundo palestrantes de congresso da ABIA


Refletir sobre o estigma e o preconceito existentes em torno dos portadores de HIV/aids. Este foi o principal tema debatido na manhã desta terça-feira (18) durante o segundo dia do evento Prevenção das DST/aids:Novos Desafios, encontro promovido pela Abia (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids), no Rio de Janeiro.

O início dos trabalhos da mesa de abertura do encontro foi marcado pela relevância dada à discussão sobre a importância da luta contra o estigma e o preconceito aos soropositivos. Os palestrantes fizeram uma análise a respeito do assunto em discursos bastante acalorados. Para eles, classificado como um processo político e social, o estigma tem a função de produzir e reproduzir relações sociais de desigualdade.

“O estigma, sendo um processo social, depende do contexto onde é instalado, tem uma história e só entendendo essa história é que nós temos a possibilidade de trabalhar de uma maneira mais eficaz frente o problema”, defendeu o diretor-presidente da Abia, Richard Parker. Ele acrescentou que a estigmatização está ligada à desigualdade de poder e tem a intenção de fazer as desigualdades parecerem razoáveis.

Apesar da importância do tema, poucos avanços foram feitos na luta contra a estigmatização, na avaliação de Parker. “Vários tipos de doenças estão envolvidos na questão do estigma e é nítido que vencer este pensamento tem sido o nosso maior desafio. Não temos conseguido avançar de uma maneira eficaz.”

Epidemia não está controlada

A professora de psicologia da USP (Universidade de São Paulo) Vera Paiva considerou que, grande parte por causa do estigma e do preconceito em torno da aids no mundo, muitos acreditam que a epidemia encontra-se estável. “Estamos respirando o alívio de tantos anos de esforços e os sucessos ao longo desses anos que encheu metado do copo. Eu não nego isso. Mas eu acho que por mais que a gente tenha motivos para comemorar metade do copo cheio, a gente ainda tem condições de fazer muita coisa com o que temos.”

Embora haja muita informação sobre HIV/aids, ainda há muita resistência em relação às estratégias de prevenção, o que, para Vera Paiva, contribui para fortalecer a ideia do estigma. “Um exemplo claro de reforço da estigmatização é a distribuição de camisinhas na Parada do Orgulho Gay. Por quê lá é distribuído camisinha e no evento dos evangélicos não é? ”, questionou a professora.

No fim das falas, ficou mais nítido que muitos questionamentos em torno da prevenção da epidemia de aids ainda existem e nem todas as respostas estão disponíveis. Entretanto, as discussões são extremamente necessários para que novos avanços sejam feitos na tentativa de minimizar os efeitos da doença no mundo.