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TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO

14/08/2009 - Agência Aids

São tema de colóquio em São Paulo


“Durante o aconselhamento é importante informar que além da camisinha existe também a profilaxia pós-exposição”, disse o ativista Jorge Beloqui, do Grupo de Incentivo à Vida (GIV). A fala foi realizada durante colóquio realizado pelo Programa Municipal de DST/aids de São Paulo (PMDST/Aids) nesta última quinta-feira. A intenção do encontro foi discutir novas possíveis estratégias de prevenção. O Dr. Esper Kállas, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), apresentou um estudo de pesquisa que tem o objetivo de descobrir se o uso de um medicamento antirretroviral, tomado uma vez ao dia, pode complementar o sexo seguro para prevenir a infecção pelo HIV.

“A Iniciativa Profilaxia Pré –Exposição (IPREX) é um estudo que busca um novo método de prevenção sem descartar o incentivo do uso do preservativo”, explicou Kállas. O objetivo é que a pessoa tome um comprimido composto por duas drogas do tratamento antirretroviral (emtricitabina 200mg e Tenofovir 300mg, chamada de Truvada) antes do ato sexual desprotegido. Com isso, ela fica inume à infecção do vírus da aids.

A pesquisa está sendo realizada em Lima e Iquitos, no Peru; Guayaquil, no Equador; San Francisco e Boston, nos Estados Unidos; Chiang Mai, na Tailândia; Cidade do Cabo, na África do Sul. No Brasil, o estudo acontece em São Paulo na USP e no Rio de Janeiro na UFRJ e Fiocruz.

“Durante o estudo, todas as vezes que os voluntários recebem os medicamentos, também fazem o teste de sorologia”, explicou Kállas, pesquisador principal. Saiba mais sobre o IPREX, que está em andamento, no site www.iprex.org.br.

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza ainda medicamentos para a profilaxia pós-exposição em casos de violência sexual e acidente de trabalho (ter contato com uma seringa contaminada por HIV, por exemplo). No entanto, o método só funciona se o paciente ingerir os remédios prescritos por médico em até 72 horas depois do ocorrido.

Para Beloqui, é importante informar as pessoas e casais sorodiscordantes que também existe a profilaxia pós-exposição. “As pessoas não são informadas sobre isso”, comentou.

Circuncisão

Outro tema discutido durante a reunião foi a circuncisão. Segundo Jorge Beloqui, o Unaids e a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendam o método em países que tenham alta prevalência de infecção pelo vírus HIV.

Um estudo feito na África do Sul, demonstra que homens circuncidados tem quase 50% menos chances de se infectar pelo vírus da Aids.

“Depois do preservativo, a circuncisão é a única medida comprovada que reduz os risco de infecção do vírus HIV em relação heterossexual”, afirmou o ativista.

Segundo o Dr. Paulo Roberto Teixeira, consultor sênior do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, 99% das pessoas circuncidadas declaram satisfação.

Transmissão Vertical

“É inaceitável que ainda aconteça a transmissão marteno-fetal. Em 2006, só em São Paulo foram 94 novas infecções”, criticou Roberto Teixeira, consultor sênior do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo. Ele afirmou que estava no evento enquanto pessoa e, não necessariamente, representando o governo. Segundo o médico, muitas mulheres chegam a mesa de cirurgia sem o teste de sorologia para o HIV.

“ Se existem insumos de prevenção para esse caso é preciso que sejam utilizados, como por exemplo, fazer o teste durante o pré-natal e caso a mulher esteja infectada fazer o uso da terapia tripla para que na hora do parto ela esteja com a carga viral indetectável”, explicou

Já o dr. Esper Kállas mostrou-se muito satisfeito em relação a transmissão vertical, “os números dimunuiram, isso é motivo de orgulho”, disse.

Camisinha

“ A camisinha é o melhor método de prevenção, mas faz cinco anos que a taxa de uso de preservativo é a mesma, ou diminui. As escolas que deveriam receber a camisinha não recebem. A demanada de preservativo da secretaria de Educação de São Paulo é de 13 mil unidades. Eventualmente para fazer demostração, os presídios não recebem o insumo”, criticou Paulo Teixeira.

Marta McBritton do Instituto Cultural Barong, comentou sobre o preservativo na iniciativa privada. “ As vendas das camisinhas em empresas privadas cresceu 20%, isso deve-se a inovação. Hoje existem preservativos de sabores, que esquentam e esfriam, além dos que retardam a ejaculação”, afirmou.

Segundo ela, a camisinha que retarda a ejaculação tem feito com que muitos homens migrem do uso de remédios de disfunção erétil para o insumo.
Na abertura do evento, que reuniu cerca de 60 pessoas, a coordenadora do PMDST/Aids parabenizou mais uma vez a iniciativa da Agência de Notícias da Aids em multiplicar seus trabalho entre países de linguá portuguesa, “ a informação é uma importante aliada na prevenção”.