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A LUTA CONTRA A AIDS EM CABO VERDE

01/05/2009 - LUSA

Cabo Verde irá usar medicamentos mais avançados contra Aids

O ministério da Saúde de Cabo Verde está preparando a mudança dos medicamentos ministrados aos doentes de Aids que seguem o tratamento com antiretrovirais para reduzir os efeitos colaterais provocados por esses fármacos.

Segundo a directora-geral da Saúde, Jaqueline Pereira, com a revisão do protocolo de terapêutica antiretroviral, as autoridades sanitárias cabo-verdianas esperam obter melhores resultados com a administração dos novos medicamentos.

Isso deverá acontecer pois irá diminuir o abandono do tratamento por parte de doentes, e, consequentemente, diminuir a transmissão de variantes mais agressivas do vírus.

"Os medicamentos que temos utilizado até agora ainda estão adequados ao tratamento, mas, neste momento, existem fármacos mais avançados e queremos oferecer aos soropositivos cabo-verdianos medicamentos que possam diminuir os efeitos secundários, como a gastrite e outras complicações que possam surgir", afirmou.

"Estes novos medicamentos permitem ainda diminuir, por exemplo, o número de medicamento que os seropositivos tomam por dia, passando de nove para três comprimidos", acrescentou.

Prevenção

Jaqueline Pereira explicou ainda que os novos medicamentos poderão permitir também uma melhor prevenção na transmissão vertical (de mãe para filho, por exemplo), com a associação de medicamentos que antes se utilizavam isoladamente.

Desde dezembro de 2005, os soropositivos no país africano recebem gratuitamente esses medicamentos, uma decisão que surgiu na sequência da nova política do governo para a doença e que teve como ponto central o início da importação deste tipo de medicamentos, até então inexistentes no arquipélago.

A distribuição gratuita foi justificada por, naquele momento, se ter chegado à conclusão de que "é mais barato importar os medicamentos do que manter os doentes no hospital" e também porque a situação exigia medidas urgentes para travar a evolução da doença no arquipélago.

Política pública

O governo de Cabo Verde disponibiliza atualmente medicamentos anti-retrovirais a 400 doentes, custando ao Estado o tratamento de cada um o montante de 50 mil escudos (cerca de R$ 1,3 mil no câmbio atual) por ano.

Graças aos programas de informação e sensibilização e de medidas para evitar a propagação da pandemia, Cabo Verde é um dos países de África com menor incidência de infecção pelo vírus HIV: 0,8% da população.

Cabo Verde ainda está negociando um novo financiamento do programa de luta contra a Aids com o fundo global, no valor de US$ 12 milhões.

A diretora-geral de Saúde cabo-verdiana explicou que o projeto apresentado já contempla a mudança dos medicamentos, "que são mais caros, mas compensam os custos com os benefícios que se espera trazer aos pacientes".