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A CRISE ECONÔMICA E O HIV
25/04/2009 - Financial Times
Crise deverá atingir o tratamento de portadores de HIV
O tratamento com remédios do qual depende a vida de até 1,7 milhão de pessoas com HIV está ameaçado devido às pressões orçamentárias provocadas pela crise financeira global, segundo uma análise divulgada na sexta-feira pelo Banco Mundial.
Uma pesquisa sobre o impacto da recessão econômica em 69 dos países mais pobres do mundo mostrou que 15 acreditam estar "altamente expostos" ao risco de interrupção dos medicamentos antirretrovirais devido ao declínio nos recursos externos e domésticos.
Os resultados acentuam o risco para as vidas humanas e de resistência ao medicamento, após a rápida expansão do tratamento contra HIV para 3,4 milhões de pessoas ao redor do mundo desde o início da década.
Eles se somam aos recentes alertas do Banco Mundial de que saúde, educação e outros serviços sociais sofrerão uma pressão severa, com um estudo sobre crises financeiras anteriores sugerindo que entre 200 mil a 400 mil crianças com menos de cinco anos morrem a mais a cada ano em consequências de cortes orçamentários.
Joy Phumaphi, vice-presidente do Banco Mundial para desenvolvimento humano e ex-ministra da saúde de Botsuana, disse: "Este novo relatório mostra que as pessoas com Aids podem estar em risco de perder seu lugar no bote salva-vidas. A recessão econômica global representa uma bola de demolição contra o crescimento e progresso dos países em desenvolvimento".
Com a relutância dos governos em suspender o tratamento aos pacientes que já estão sendo tratados, os dados sugerem que os programas de prevenção e outras políticas voltadas a conter a rápida disseminação da doença são os que podem sofrer mais.
Trinta e quatro países, representando três quartos das pessoas que convivem com o HIV, disseram esperar que os programas de prevenção ao HIV para aqueles com maior risco de infecção serão afetados de forma negativa.
Jon Liden, do Fundo Global de combate à Aidas, tuberculose e malária, disse: "Todos sabiam que após iniciado, o fornecimento contínuo de medicamentos era uma promessa para toda a vida. Nós estamos falando de uma série de compromissos globais que o mundo não pode abandonar".
Ele disse que o fundo conta com compromissos de seus governos doadores pelo menos até 2011-2012, apesar de haver sinais de um possível arrocho na mais recente rodada de pedidos, a nona.
Segundo Liden, o fundo pode estar disposto a considerar mais rapidamente recursos adicionais para os países que pedirem ajuda para resolver crises orçamentárias de curto prazo, visando manter os gastos em saúde.
Entretanto, ele destacou que pedidos neste sentido ainda não foram feitos, e que o fundo não estaria disposto a autorizar a ajuda adicional caso o dinheiro fornecido permita que os países desviem seus orçamentos domésticos para atividades não ligadas à saúde, como defesa.
O Banco Mundial disse que os pedidos de ajuda por parte dos países em desenvolvimento para o atual ano financeiro triplicaram em comparação há 12 meses, em um sinal dos esforços para evitar os efeitos da recessão. Até o final de seu ano financeiro em 30 de junho, ele prevê uma autorização de US$ 3,1 bilhões, em comparação a US$ 1 bilhão no mesmo período no ano passado.
Andrew Jack