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AIDS NÃO ESCOLHE SEXO

25/04/2009 - Folha de São Paulo

"Aids não escolhe sexo, idade ou orientação sexual",

A doença que mais preocupa adultos e adolescentes hoje é a Aids. De acordo com os últimos dados da Organização Mundial de Saúde, 33 milhões de pessoas convivem com a Aids no mundo inteiro e dois milhões de pessoas morreram infectadas. Os primeiros casos foram relatados no início dos anos 1980 e, desde então, a Aids tomou aspectos de epidemia mundial.

A prevenção, sem dúvidas, continua sendo o método mais eficiente para controlar a doença. Isto é o que mostra o livro "Sexo & Cia: As Dúvidas Mais Comuns (e as Mais Estranhas) que Rolam na Adolescência", escrito pelo dr. Jairo Bouer e editado pela Publifolha. No capítulo "DST e Aids", o livro responde a uma série de dúvidas que teoricamente pertencem ao universo dos adolescentes, mas que, na prática, independem da faixa etária. "Aids não escolhe sexo, idade ou orientação sexual. Todo mundo deve usar camisinha, sempre", destaca Bouer.

No texto, o autor derruba mitos como contaminação por beijo e paranoias desnecessárias sobre a doença, além de alertar os leitores para o uso do preservativo em qualquer tipo de relação sexual --prática que previne não apenas a Aids, mas outras doenças sexualmente transmissíveis.

Saiba mais sobre as dúvidas relacionadas à prevenção da Aids com quatro perguntas e respostas extraídas do livro do dr. Jairo Bouer:

"A Aids pode mesmo ser transmitida pela saliva? Tenho 18 anos, sempre transei de camisinha, mas já perdi a conta dos beijos que dei sem conhecer direito a garota (inclusive de programa). Será que por meio de um simples beijo podemos contrair a doença?"


Jairo Bouer esclarece dúvidas referentes à transmissão e prevenção do vírus da Aids

Essa sua dúvida é polêmica. Por um lado, é verdade que o vírus da Aids já foi isolado na saliva. Por outro, é pouco provável que uma pessoa se contamine por meio de um beijo. A saliva possui substâncias (enzimas) que dificultam a vida do vírus. Beijos na boca não são considerados uma forma eficaz de transmissão da doença. Já no sexo oral (boca-vagina, boca-ânus ou boca-pênis) e em "beijos" mais selvagens, em que há peque nos sangramentos, o risco de transmissão aparece. Nesses casos, não é a saliva e sim o sangue e as secreções que podem ser responsáveis pela transmissão. Mas é importante ressaltar que mesmo aqui o risco de transmissão é menor do que em práticas de sexo vaginal ou sexo anal desprotegido. O que fazer? Use camisinha em todas as transas, filme plástico no sexo oral e, para ficar mais tranquilo, dê uma "regulada" nos beijos mais radicais.

"Sou um rapaz homossexual de 17 anos. Tenho receio de estar com Aids. Como faço para saber se contraí o vírus sem ter de consultar meus pais ou algum amigo? Existe algo que eu possa comprar na farmácia para fazer o teste (com urina ou com sangue)?"

Não existe esse tipo de teste à venda em farmácia. O exame que dosa os anticorpos produzidos contra o vírus HIV (causa dor da Aids) só é feito em laboratórios por meio da análise de sangue. Aids não escolhe sexo, idade ou orientação sexual. Todo mundo deve usar camisinha, sempre. Os garotos homossexuais têm de ter um cuidado especial por que a mucosa (revestimento interno) do ânus é cheia de pequenos vasos sanguíneos e gânglios e muito menos "adaptada" à prática sexual do que a vagina. Portanto, sexo anal sem camisinha é um dos comportamentos de alto risco para a Aids. Pense no que andou fazendo e se realmente se expôs a alguma situação de risco. Procure um médico para discutir seu problema e receber as orientações necessárias.

"Estou na maior noia! Tenho 17 e tive relação sexual com uma prostituta (usando preservativo). Comecei a me sentir mal. Minhas veias ficaram mais aparentes, passei a sentir a pulsação da cabeça e do pescoço, além de minha pele levantar com o batimento do coração! Na última semana tive febre. Fiz hemograma, os linfócitos estão um pouco baixos, e agora estou com amigdalite purulenta. Não consigo andar de bicicleta sem me cansar. Gostaria de saber se tudo isso pode se relacionar com uma possível infecção pelo HIV."

Você matou a charada de cara, está mesmo com a maior noia. Ficou tão preocupado que acabou "criando" sintomas em seu corpo. Veias aparentes, pulsações estranhas e pele que levanta dão bandeira de que esses sintomas têm muito mais a ver com a sua cabeça do que com sua saúde física. Você não acha? Você deve ter ficado tão encanado com a história da AIDS (mesmo usando camisinha) que entrou em um quadro de ansiedade. Quanto à febre, à alteração no hemograma (exame de sangue) e ao cansaço, têm tudo a ver com a amigdalite purulenta (infecção com pus na garganta). Um médico pode receitar um antibiótico para ajudá-lo a vencer essa infecção. Você se cuidou e não precisa ficar tão encanado. Confere?

"Outro dia fui com minha namorada a um motel, e entramos em uma jacuzzi. Ao ligar a torneira, subiu um líquido escuro do ralo. Na hora, não me preocupei. Depois, fiquei pensando no risco de ter me contaminado com o vírus da Aids. Isso é possível?"

O vírus da Aids só é transmitido por meio do contato direto com sangue ou outros tipos de secreção. Eventuais partículas de HIV em uma jacuzzi não teriam chance de provocar contaminação. Da mesma forma que o risco de transmissão da doença não existe quando você compartilha copos, talheres, sabonete ou roupas com pessoas contaminadas. Também não há risco em chuveiro, banheira, vaso sanitário, piscina, praia etc. Os riscos de contaminação existem nos contatos sexuais desprotegidos e no uso compartilhado de seringas para uso de drogas injetáveis. Essa história aí do motel é boa para as pessoas começarem a pensar sobre a higiene do local que escolhem para transar. Um lugar em que roupas de cama, toalhas e sabonetes não são trocados pode trazer riscos para a sua saúde. Um parasita bem incômodo, popularmente conhecido por chato (que causa coceira intensa na região genital), e até o HPV (vírus que causa as "ver rugas genitais") podem ser adquiridos nessa situação. Portanto, olho bem aberto na hora de escolher o local da transa.