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GEL VAGINAL E CONTÁGIO

05/03/2009 - Agência Estado

Gel evita contágio de vírus similar ao HIV em macaca

Gel evita contágio de vírus similar ao HIV em macaca, indica estudo

Pesquisadores identificaram uma substância capaz de evitar o contágio por via sexual de um vírus similar ao HIV - conhecido como SIV - em macacas. A descoberta, descrita em artigo no site da revista científica Nature, alimenta a esperança de uma nova arma para diminuir o avanço da epidemia. Os cientistas acompanharam atentamente os primeiros dias depois do contágio e descreveram como uma infecção localizada no útero progride até espalhar-se para o organismo.

Nas primeiras horas, apenas um pequeno grupo de células do aparelho reprodutor é invadido pelos vírus. O tecido prejudicado inflama e o sistema imunológico recruta células-T CD4+ para debelar a infecção incipiente. A reação, no entanto, beneficia o vírus, que procurava justamente células de defesa para infectar e, assim, se espalhar pelo organismo. Os pesquisadores da Universidade de Minnesota formularam uma hipótese simples: se conseguissem impedir o processo inflamatório, a infecção permaneceria restrita ao útero e, assim, fracassaria.

Testaram, então, um gel com monolaurato de glicerol (GML, na sigla em inglês), aplicado na vagina de cinco macacas. Depois, simularam o contágio por via sexual inoculando até quatro doses de soluções ricas em vírus. Nenhuma fêmea desenvolveu a doença. Para controle do teste, realizaram o mesmo procedimento em cinco macacas que não usaram o gel: quatro contraíram a infecção.

O monolaurato de glicerol já foi utilizado como emulsificante de sorvetes. Desde 1992, pesquisadores investigam outras propriedades dessa substância, como a sua ação bactericida. Estudos recentes mostraram também que ela limita a produção de citocinas, proteínas responsáveis pelo processo inflamatório no corpo. "O GML é muito barato e seguro", afirma Pat Schlievert, coautor do trabalho.

Humanos

Falta agora testar a eficácia do produto em seres humanos. Se os resultados forem similares, uma estimativa conservadora aponta redução de 60% no risco de infecção de mulheres em relações heterossexuais, uma prevenção anual de 800 mil novos casos. "O trabalho mostra que você não precisa atacar diretamente o vírus para impedir que ele infecte as células", explica o infectologista Esper Kallás, da Universidade de São Paulo. "Você pode atuar no processo inflamatório que beneficia o vírus." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

AE