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NÃO AO PRECONCEITO

02/11/2003 - Correio Braziliense

Homossexuais declaram guerra ao preconceito

A partir de agora, tolerância zero. O Estruturação, grupo homossexual de Brasília, promete reagir a todas as formas de preconceito, seja manifestadas por atos concretos de violência ou presentes em letras de músicas ou comerciais. Para marcar o início da campanha pelo fim da homofobia no DF, o Estruturação fez ontem um protesto que começou às 12h na plataforma superior da Rodoviária do Plano Piloto. Durante uma hora, cerca de 30 manifestantes mostraram faixas de protesto, abriram a bandeira com as cores do arco-íris ostentando uma tarja preta para simbolizar o luto e distribuíram 500 panfletos com reivindicações.

Uma das reivindicações do grupo, segundo Márcio Koshaka, diretor do estruturação, é o esclarecimento do assassinato do ex-presidente do Grupo de Apoio e Prevenção à Aids (Gapa-DF), Marcelo Idalgo. Outro pedido é a criação de um programa no Distrito Federal para combater a violência contra homossexuais. "A polícia não está preparada para atender gays e lésbicas que são vítimas de violência e os educadores não sabem lidar com a questão dentro da sala de aula", avalia Koshaka.

O grupo quer alertar as autoridades para o crescimento das agressões ao cidadão que tem uma opção sexual diferente e agendou uma série de reuniões com representantes dos governos federal e estadual. Ontem, eles foram recebidos na Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

Qualificação

Na próxima semana, os encontros serão na Secretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos do DF e com a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, Érika Kokay. "Precisamos sim qualificar as escolas e a polícia para atender bem aos homossexuais", concorda Kokay."O Estado não pode considerar que a discriminação é um crime menor", justifica.

Dentro da política de não aceitar nenhum tipo de preconceito, o Estruturação começou esta semana uma campanha por e-mail contra um comercial de desodorante que insinua que quem não usa o produto anunciado atrai apenas homens. A proposta do grupo é encher a caixa de mensagens da empresa com reclamações. "Os publicitários precisam perceber que investir em propaganda ofensiva não compensa", afirma o presidente do grupo Estruturação, Welton Trindade.

Impunidade leva gays às ruas
Fonte - Jornal de Brasília 03/11/03
O grupo homossexual Estruturação começou o movimento Fim da Homofobia (aversão a homossexuais) - um compromisso de todos e todas. Os membros querem o fim da impunidade de criminosos que praticam violência contra homossexuais e ainda o envolvimento dos governos federal e local com a segurança deles, por meio de criação de políticas específicas. Integrantes do Estruturação fizeram uma manifestação na plataforma superior da Rodoviária, para marcar o início do movimento, que vai se estender pela próxima semana. O grupo tem agendadas reuniões com o Executivo federal e distrital, Legislativo Distrital e Ministério Público. Com bandeiras do arco-íris (símbolo do movimento gay) e panfletos, os manifestantes foram para a rua mostrar à população a situação difícil em que vivem. Segundo estimativa do grupo, 10% da população dos grandes centros urbanos são homossexuais. No caso do DF, esse percentual equivale a 200 mil pessoas, de acordo com o Censo 2000. Os assassinatos do professor da Universidade de Brasília (UnB) Lincoln Niemeyer Reis e do ex-presidente do Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (Gapa), Marcelo Idalgo, no início do mês e ainda sem solução, provocaram a reação do Estruturação. Segundo o presidente do Estruturação, Welton Trindade, não há mais como conviver com o preconceito e a violência praticados contra eles e a impunidade dos criminosos. "Queremos que os culpados paguem pelos seus crimes".

Proposta - A proposta do grupo é a criação de um Centro de Referência, nos moldes do que existe no Rio de Janeiro. "Ele atua não só como receptor das denúncias, mas também como órgão fiscalizador, ou seja, ele acompanha toda a apuração do crime e ainda oferece assistência jurídica e psicológica às vítimas".

Trindade diz que o Estruturação trabalha apenas recebendo denúncias, pelo telefone 327-3186, mas que falta ao grupo condições de acompanhar caso a caso até o fim das investigações. "A criação do Centro de Referência precisa de uma parceria entre a sociedade civil e o governo local para funcionar como canal de comunicação para as vítimas", diz.

Outra reivindicação do Estruturação é a melhor preparação dos policiais, militares e civis. "Em outros estados existem órgãos e trabalhos específicos voltados para a proteção e segurança dos homossexuais. Por que aqui não pode ter?", questiona.

De acordo com Welton Trindade, no Rio Grande do Sul os policiais fazem um treinamento com travestis; no Piauí, existe uma estrutura dentro do governo do Estado para tratar das questões dos homossexuais; e em São Paulo, há uma assessoria jurídica para homossexuais vítimas de violência.