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AIDS É O QUE MAIS MATA NA GERAÇÃO DA CAM

06/10/2008 - Jornal da Tarde

Aids mata mais entre 35 e 44 anos em SP

Secretaria da Saúde aponta que em 2007, pela primeira vez, a doença passou a ser a principal causa de morte nessa faixa etária, superando os assassinatos

Pela primeira vez, a aids superou os homicídios como principal causa de mortes entre os 35 e 44 anos na capital. Os dados, referentes a 2007, são da Coordenação de Epidemiologia e Informação (CEInfo), da Secretaria Municipal da Saúde. Em outras duas faixas etárias (25 a 34 e 45 e 54 anos), a doença aparece em terceiro e quarto lugares.

O relatório municipal aponta 3.970 mortes entre os 35 e 44 anos, 330 por aids, ou 8,3%, ante 317 homicídios. No total, morreram 63.722 pessoas na cidade no ano passado. Somando todas as idades, as doenças do coração são as que mais matam: 8.124, 12% do total. Em seguida estão as cerebrovasculares (5.227); pneumonias (4,547); bronquite, enfisema e asma (2.443)e diabetes (2.113).

O infectologista Esper Kallas, da Universidade de São Paulo (USP), considerou o resultado normal. Ele diz que a faixa entre 35 e 44 anos, por ser sexualmente ativa, contraiu a doença entre sete e dez anos atrás. “Como é o tempo que a aids demora para se manifestar, esses pacientes só descobriram mais tarde.”

O índice, no entanto, foi considerado surpreendente para o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Juvêncio Furtado. “Morrem de aids somente os diagnosticados tardiamente, que não fazem o tratamento correto ou que sofrem resistência ao medicamento.” Segundo ele, essa geração iniciou a vida sexual já tendo informações sobre como evitar a doença.

Hugo Hagström, coordenador do departamento social do Grupo de Incentivo à Vida, diverge. Para ele, as pessoas mais velhas são da geração que viveu a explosão da doença, no anos 80 e 90, mas só se deram conta de que eram portadores do vírus anos depois. “Elas só foram submetidas aos exames após recomendação médica, por estarem com a imunidade baixa.”

O jornalista Paulo Giacomini, de 46 anos, conta sobre a demora em descobrir a doença. Ele suspeita que tenha contraído o vírus em 1983, mas só ficou sabendo cinco anos depois. “Apesar de ter consciência de que fazia parte do grupo de risco, só fui me preocupar com o diagnóstico após a morte do meu namorado”, diz o portador, que faz uso do coquetel de medicamentos.

Violência

Os jovens entre 15 e 24 anos continuam sendo as maiores vítimas de homicídios em São Paulo. Foram 515 casos, 29% do total. E essa foi também a primeira causa de morte entre 25 e 34 anos, 567 ocorrências, 22,5% do total. Maria Fernanda Tourinho Peres, pesquisadora do Núcleo de Violência da USP, afirma que a violência começa a vitimar na entrada da adolescência. Segundo ela, embora o número de homicídios esteja em queda no Estado, o perfil do grupo de risco é o mesmo. “Por isso a importância de discutir políticas públicas para os jovens.”

A médica Roberta Waksmann, presidente do departamento de Segurança da Criança e Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria, é taxativa: é fundamental estabelecer vínculos da família com as crianças como forma de prevenção da violência. “Muitas vezes, os adolescentes acabam largados e assumem atitudes perigosas.”

A faixa etária entre 5 e 14 anos é a mais morre por acidentes de trânsito, a maioria atropelamentos. Segundo a médica, há uma forte influência do fator socioeconômico. “Nas regiões periféricas, as crianças vivem em famílias numerosas, com menor vigilância, e moram em local com sinalização precária.”

Quanto aos menores de um ano, as infecções são as que mais matam. A segunda causa é a prematuridade, ou seja, quando o nascimento se dá antes de 37 semanas de gestação. A neonatologista Lilian Sadeck, diretora de eventos da Sociedade Paulista de Pediatria, afirma que São Paulo está passando por uma transição, modificando as causas de óbitos. “Estamos diminuindo as mortes por causas evitáveis, como a prematuridade, que está diretamente relacionada ao estado de saúde materna e ao pré-natal.”