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O DIAGNÓSTICO DO HIV

25/08/2008 - AGENCIA ESTADO

Diagnóstico tardio dificulta tratamento contra aids

Todos os anos, quase metade das cinco mil pessoas que ingressam no Programa Estadual de Aids procura tratamento já em fase avançada da doença, o que coloca em risco o sucesso da terapia anti-retroviral. Além de constatar o índice de 43% de diagnóstico tardio, os pesquisadores do programa identificaram outro problema: a prevalência de homens no grupo que demora a descobrir ser portador do vírus HIV é ainda maior e alcança a marca dos 49,3% dos pacientes, contra 35,7% das mulheres.

A vantagem do sexo feminino no ingresso precoce do tratamento ocorre porque desde 2005 o teste da doença é item obrigatório do pré-natal. "Ainda assim, saber que boa parte das mulheres descobre ser soropositivo só na gravidez é péssimo", afirma Maria Clara Gianna, coordenadora do programa. "Por isso é necessário estimular a realização de testes comprobatórios do diagnóstico tanto para elas quanto para eles. Já temos oferta suficiente para que ninguém fique com a pulga atrás da orelha."

Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura, no ano passado, 89,5% das gestantes soropositivas (487 no total) tiveram o diagnóstico antes ou durante o pré-natal, o que possibilitou o bloqueio da chamada transmissão vertical (de mãe para filho). Ainda assim, segundo o boletim, "existe a necessidade de ampliar o oferecimento da testagem para todas as gestantes, considerando-se que 7% destas tiveram seu diagnóstico durante o parto e 2,5% após o parto".

É fato que atrelar a realização de testes como procedimento médico para as gestantes foi uma das medidas eficazes para diminuir o número de crianças que já nascem com diagnóstico positivo para a doença. Em 2000, a incidência de recém-nascidos infectados por mães HIV positivo foi de 8%, número reduzido para 1% em 2005, último ano com dados conclusivos.

Resultados

A importância do diagnóstico precoce não se restringe às gestantes. De acordo com infectologistas, quanto mais cedo a doença for identificada, melhores serão os resultados do tratamento com o coquetel. Em São Paulo, o índice de casos de HIV que só são identificados no atestado de óbito é de 5% a 10%.

Pedro Chequer, coordenador no Brasil da Unaids, entidade ligada à Organização Mundial de Saúde, já declarou que "um dos principais desafios da atualidade é diminuir o número de brasileiros que convivem com a doença e não sabem". Essa população é de 417 mil pessoas no País, apontam estimativas do Ministério da Saúde, e de 50 mil em São Paulo, conforme dados estaduais.
AGENCIA ESTADO