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HOMOSSEXUAIS AFRICANOS E O HIV/AIDS

07/08/2008 - EFE

Homossexuais africanos são face oculta da pandemia da aids

Homossexuais africanos são face oculta da pandemia da aids, diz ONG

Os homossexuais na África são vítimas de discriminação e são a face oculta de uma pandemia considerada até há pouco exclusivamente heterossexual nesse continente, denunciou hoje a organização francesa AIDES.

Durante a realização na capital mexicana do 17ª Conferência Internacional sobre Aids (Aids 2008), Bruno Spire, integrante da AIDES, afirmou em entrevista coletiva que a prevalência do HIV entre os homossexuais africanos é em média cinco vezes maior que na população em geral.

A este respeito, apontou que um estudo do ministério da saúde do Senegal em 2005 concluiu, por exemplo, que a incidência do HIV entre os homossexuais é de 21,7%, em comparação com 0,7% da população do país.

Além disso, no Quênia uma pesquisa similar disse que 40% dos homossexuais de entre 15 e 40 anos possuem o vírus, enquanto a prevalência entre o resto da população é de 6,1%.

Por outro lado, Spire comentou que "os homossexuais são muito estigmatizados no meio de um contexto sociocultural de negação e, inclusive, homofobia, o que é apoiado por legislações que criminalizam as relações sexuais entre homens".

A esse respeito, apontou que em 38 dos 53 países africanos, a homossexualidade é punida, como na Nigéria, onde podem ser impostas penas de até 14 anos de prisão.

Também destaca o caso do Sudão e de algumas regiões do norte da Nigéria, onde são aplicadas a lei islâmica ou sharia, onde um homossexual pode receber até a pena capital.

Devido à discriminação, alguns homens devem esconder sua homossexualidade e arranjar uma parceira heterossexual, se casar e ter filhos.

"Como resultado se expõem ao duplo risco de serem contaminados tanto por seu parceiro masculino como pela parceira feminina e compartilhar com cada um os riscos que tomam com outros", afirmou o ativista.

Esta situação conduz a uma "severa falta de consciência e de serviços de prevenção disponíveis para os homens que têm sexo com outros homens, o que resulta em ignorância dos métodos de transmissão associados ao sexo entre pessoas do mesmo sexo", defendeu.