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O FABRICO DE MEDICAMENTOS NA ÃFRICA

07/08/2008 - LUSA

Moçambique fará remédios anti-Aids em 2009, diz Temporão

A fábrica de medicamentos anti-retrovirais que será construída em Moçambique com a ajuda do Brasil começará a funcionar no final de 2009, afirmou nesta quinta-feira o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

"O projeto está pronto. Estamos encaminhando ao Congresso Nacional o pedido de autorização de crédito no valor de US$ 4 milhões para a construção da primeira etapa", disse Temporão em Brasília.

No total, o Brasil vai investir US$ 10 milhões na fábrica de anti-retrovirais de Maputo e os recursos para a primeira etapa devem estar disponíveis até o final deste ano.

Segundo o ministro, a fábrica é fruto de uma "cooperação sul-sul singular", já que a matéria-prima será fornecida pela Índia e a tecnologia, pelo Brasil.

Os técnicos moçambicanos serão formados pelo laboratório Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e a previsão é de que, na segunda etapa do projeto, Moçambique já detenha toda a tecnologia de produção dos anti-retrovirais.

Temporão disse ainda que a Fiocruz abrirá em breve um escritório junto à União Africana, cuja sede será em Maputo.

A nova unidade de medicamentos de Moçambique vai fabricar oito dos 15 anti-retrovirais que o Brasil tem tecnologia para produzir.

O ministro não soube precisar a capacidade da nova fábrica, mas disse que os remédios contra a Aids atenderão não só o mercado moçambicano, como o de outros países africanos.

Enquanto a taxa de prevalência de Aids no Brasil é de 0,6%, em Moçambique este índice é de 15%.

De acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para a Aids (Unaids), divulgado na semana passada, a África Subsaariana continua concentrando a maior parte das pessoas portadoras do vírus HIV no mundo.

Dos 2,7 milhões de novos infectados no ano passado, 1,9 milhão de casos estavam na região.

No Brasil, 30 mil novos casos de Aids são registrados por ano, um terço deles entre a população de 15 a 24 anos, mas a epidemia está estabilizada desde 2000 devido à política de acesso universal aos métodos de prevenção e tratamento.

O Brasil foi citado no relatório da Unaids como um exemplo de liderança no combate à Aids, devido à política de saúde que aposta na prevenção, com campanhas educativas e distribuição de preservativos, e no fornecimento gratuito de medicamentos anti-retrovirais aos portadores do HIV.