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TENOFOVIR E EFAVIRENZ

13/05/2008 - AIDSMAP

o risco de efeitos colaterais hepáticos

Pesquisadores italianos informaram de três casos que sugerem que o tratamento com tenofovir pode aumentar o risco de efeitos colaterais causados pelo efavirenz .

Alguns medicamentos contra o HIV podem causar toxicidade hepática, particularmente em pacientes coinfectados pelo vírus da hepatite B e/ou o vírus da hepatite C. Não há evidência de que o tenofovir cause efeitos colaterais hepáticos mas o efavirenz pode causar a elevação das enzimas hepáticas. Alguns estudos mostram que isto acontece em aproximadamente 2% dos pacientes. Uma combinação que inclua tenofovir e efavirenz é recomendada (com FTC, emtricitabina) como terapia antiretroviral de primeira linha na última edição das Diretrizes Britânicas para tratamento do HIV.
Porém, médicos do norte da Itália observaram três casos de elevação das enzimas em pacientes que tomavam tenofovir e efavirenz. Nenhum dos três estava infectado com hepatite B ou hepatite C.
O primeiro paciente foi um homem branco de 58 anos que tomava AZT, 3TC (lamivudina) e efavirenz desde 2002. Apesar de que sua terapia estava suprimindo sua carga viral a níveis indetectáveis, o uso do AZT causou lipoatrofia e toxicidade da medula óssea. Portanto substituiu AZT pelo tenofovir em julho de 2007. No momento da mudança, seus testes de enzimas ALT e AST para a função hepática eram normais (inferiores a 50 iu/l). Mas, quatro semanas depois, a enzima ALT aumentou para 92 iu/l e a AST para 62 iu/l. Os testes realizados um e três meses depois confirmaram mais elevações das enzimas hepáticas do paciente. O tratamento com o tenofovir foi descontinuado e o paciente passou para o ddI. Três semanas depois, suas enzimas ALT (48 iu/l) e AST (44 iu/l) tinham voltado aos níveis normais.
O Segundo caso envolveu uma mulher africana de 34 anos que iniciou a terapia antiretroviral com AZT, 3TC e abacavir, em setembro de 2003, uma combinação tríplice de inibidores de transcriptase reversa análogos de nucleosídeo, que na atualidade é considerada subótima. Esta combinação não controlou a carga viral da paciente e ela substituiu o abacavir pelo efavirenz em outubro de 2006. Outra mudança de tratamento foi realizada em julho de 2007 quando, por anemia, a mulher substituiu AZT pelo tenofovir. Um mês após esta troca, as enzimas hepáticas da paciente, que eram normais até o momento aumentaram dramaticamente (ALT para 133iu/l; AST para 199 iu/l) e aumentos posteriores foram evidentes três semanas depois. A terapia antiretroviral foi suspense e as enzimas da paciente voltaram ao normal. Desde dezembro de 2007 ela tem tomado 3TC, abacavir e lopinavir/ritonavir.
O ultimo caso envolve um homem branco de 30 anos de idade. Suas funções hepáticas eram normais quando iniciou a terapia anti-HIV com uma combinação de 3TC, tenofovir e efavirenz em abril de 2007. Mas em maio de 2007 seu nível de ALT tinha aumentado para 392 iu/l e a AST para 225 iu/l. O tratamento contra o HIV foi suspenso e sua função hepática voltou ao normal. Em dezembro de 2007, foi iniciado o tratamento com 3TC, ddI e nevirapina.
“Não há casos de hepatotoxicidade relacionados ao tenofovir informados na literatura, e o medicamento parece ser bem tolerado ainda em pacientes com cirrose”, escrevem os pesquisadores. Eles notam, porém, os casos de efeitos adversos hepáticos relacionados com o uso associado do efavirenz.
Há informes de que o tenofovir eleva as concentrações do efavirenz resultando no desenvolvimento de efeitos neuropsiquiátricos associados ao efavirenz. Apesar de que os pesquisadores não mediram as concentrações do efavirenz nos seus pacientes, eles especulam que isto poderia ser a razão das elevações das enzimas hepáticas observadas.
Alternativamente, sugerem que tenham presenciado um conglomerado de efeitos adversos muito raros do tenofovir e concluem que “são necessárias análises de grandes bases de dados de estudo farmacocinéticos para confirmar, extender e explicar nossas observações.”

Ref:
Lattuada E et al. Does tenofovir increase efavirenz hepatotoxicity? AIDS 22: 995, 2008.

Trad. Por J. Beloqui