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CURSO NACIONAL DE ATIVISMO E DH
03/05/2008 - Agência Aids
Jovens Vivendo com Hiv/Aids
CURSO NACIONAL DE ATIVISMO E DIREITOS HUMANOS PARA JOVENS VIVENDO COM HIV/AIDS: ATIVISTAS E ADOLESCENTES APONTAM PRECONCEITO COMO UM DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS CAUSADOS PELA EPIDEMIA
O preconceito sofrido pelos soropositivos foi um dos temas mais discutidos no início do segundo dia do Curso Nacional de Ativismo e Direitos Humanos para Jovens Vivendo com HIV/Aids. Na manhã desta quinta-feira (01/05), ativistas experientes e adolescentes discutiram, entre outros assuntos, como é o dia-a-dia dos afetados diretamente pela epidemia e a militância política diante da Aids.
Um dos grandes desafios ainda, talvez até maior que o HIV, é o preconceito, acredita José Roberto Pereira, o Betinho. Para Hugo Hagstrom, do Grupo de Incentivo à Vida (GIV), também é importante combater o próprio estigma. O maior [preconceito] que eu enfrentei foi o meu, recorda. Josi, adolescente do Maranhão, contou que em seu estado de origem tem muito preconceito contra os portadores do HIV. Já passei um ano sem estudar por causa disso, disse.
O Curso Nacional de Ativismo e Direitos Humanos para Jovens Vivendo com HIV/Aids, que acontece em um hotel da região central de São Paulo, teve início na noite de quarta-feira (30/04). O evento, que conta com a participação de 34 adolescentes de várias partes do país, termina no próximo domingo (04/05).
O maior inimigo nosso não é só o HIV, é o preconceito, entende Betinho, integrante do Projeto Bem-Me-Quer (que atua na periferia da capital paulista). Esse é o grande desafio que a gente tem no nosso dia-a-dia, avalia. Em seguida, um dos jovens presentes perguntou, para o ativista, sua opinião sobre a relação entre Aids e religião. Eu sempre fui muito religioso, tinha dito Betinho minutos antes.
A Aids não tem de ser tratada nem pela moral, nem pela religião, mas pela medicina, afirmou Betinho. O que a Igreja ou algumas igrejas dizem é do ponto de vista religioso, disse o integrante do Projeto Bem-Me-Quer. A Igreja, qualquer igreja, reproduz os preconceitos que a sociedade tem, avaliou um dos jovens presentes ao curso.
Hugo Hagstrom contou sua experiência pessoal e revelou que demorou para aceitar sua soropositividade. Eu não sou um antigo ativista, pois eu tenho 10 anos de ativismo e 23 anos de sorologia, recordou. Alguns dos jovens, que formaram uma roda para ouvir e conversar com os ativistas, declararam-se motivados com a atenção dispensada pelos militantes do movimento de luta contra a Aids.
Eu acho que é bonito, mas é difícil, disse uma adolescente, referindo-se ao trabalho desenvolvido pelos ativistas. Bonito e complicado, acrescentou. É muito importante a gente participar desse curso. Não é porque eu sou HIV que eu vou parar de viver, disse outro jovem.
É muito bom ouvir vocês [ativistas] falando. É uma grande alegria pra mim estar aqui, comemorou um dos adolescentes presentes. Eu tava um pouquinho desmotivada, revelou Adriana. A jovem de Tocantins relatou dificuldades enfrentadas no seu estado, mas disse estar feliz com a oportunidade. Pra mim foi muito bom ter vindo pra cá, declarou.
O Curso Nacional de Ativismo e Direitos Humanos para Jovens Vivendo com HIV/Aids é realizado pelo Grupo de Incentivo à Vida, pela Anima e pelo Fórum de ONG/Aids de São Paulo. O evento conta com apoio do Programa Nacional de DST/Aids, do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).